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ASSASSINATO DE MARTIN LUTHER KING

EUA divulgam documentos secretos sobre assassinato de Martin Luther King após mais de 50 anos

Arquivos liberados por ordem de Trump levantam dúvidas sobre o papel do FBI e reabrem debate sobre conspiração

22 julho 2025 - 10h35AP
Martin Luther King Jr. (no centro) foi assassinado em 4 de abril de 1968, em Memphis, no Tennessee.
Martin Luther King Jr. (no centro) foi assassinado em 4 de abril de 1968, em Memphis, no Tennessee. - (Foto: Jack Thornell/AP/Foto de arquivo)
Terça da Carne

Os Estados Unidos divulgaram nesta segunda-feira (21) registros federais relacionados ao assassinato de Martin Luther King Jr., ocorrido em 1968. A liberação acontece após ordem do ex-presidente Donald Trump, que também autorizou a divulgação de documentos sobre as mortes de John F. Kennedy e Robert F. Kennedy.

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Ao todo, são milhares de páginas sobre os bastidores da investigação da morte do líder dos direitos civis, baleado em Memphis, Tennessee, enquanto apoiava uma greve de trabalhadores do setor de saneamento.

Trump instruiu que a então diretora de Inteligência Nacional Tulsi Gabbard e a procuradora-geral Pam Bondi coordenassem a análise dos documentos, com o objetivo de liberá-los totalmente. Parte dos arquivos sobre RFK já havia sido divulgada em abril.

FBI vigiou King e ignorou alertas

Após o assassinato, James Earl Ray foi preso em Londres e se declarou culpado, mas depois voltou atrás e afirmou ser inocente até sua morte, em 1998. Já em vida, King era alvo do FBI, que o espionava e tentava desacreditá-lo.

A agência interceptou telefonemas, usou informantes e fez escutas em hotéis onde o líder ficava hospedado. Segundo a família, King foi vítima de uma campanha de vigilância predatória e difamação sistemática.

Um julgamento civil em 1999, apoiado pela família, concluiu que houve conspiração envolvendo Loyd Jowers e entidades governamentais para matar King.

Família pede respeito e vê motivação política

Os filhos de King, Martin Luther King III e Bernice King, disseram em nota que os documentos devem ser vistos "com empatia e respeito" pelo sofrimento da família. A organização fundada por King, a Conferência de Liderança Cristã do Sul, tentou barrar a divulgação com base na privacidade.

Historiadores como Ryan Jones e Lerone A. Martin dizem que os arquivos podem esclarecer até que ponto o FBI estava envolvido na vigilância e no desinteresse por alertas sobre ameaças.

Ainda assim, não se espera uma "prova definitiva" do envolvimento do governo no assassinato. “É preciso olhar esses documentos com desconfiança, considerando o histórico do FBI”, afirmou Martin.

Liberação sob interesse político?

Trump alegou que a divulgação é “de interesse nacional”, mas críticos veem motivação política, inclusive como forma de atacar o FBI, frequentemente citado por ele como parte do “Deep State”.

Para Brian Kwoba, da Universidade de Memphis, o momento da liberação levanta dúvidas. “Por que esses arquivos estavam selados por tanto tempo, se o assassino já estava preso?”, questiona.

Apesar da incerteza sobre o que os novos documentos contêm, o material promete lançar luz sobre um dos crimes mais impactantes da história dos EUA, e as possíveis falhas ou omissões do próprio Estado.

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