
Quando uma mulher se queixa de dores abdominais, o problema vai muito além do incômodo.

Afinal, o diagnóstico é complicado: pode ser mioma, endometriose, cistos ovarianos, complicações de cirurgias pélvicas anteriores… Com tantas possibilidades, a suspeita, quase sempre, passa longe de uma hérnia – principalmente porque hérnias abdominais são consideradas um problema que aflige principalmente os homens (as mulheres representam apenas cerca de 8% dos casos de hérnias diagnosticados nos Estados Unidos). “Além disso, muitas vezes, as mulheres não exibem o inchaço característico de uma hérnia, tornando o diagnóstico ainda mais difícil”, diz o cirurgião Silvio Gabor, professor assistente de cirurgia geral e do trauma na Faculdade de Medicina da UNISA.
A hérnia abdominal ocorre quando as camadas da parede dessa região enfraquecem e, em seguida, rasgam-se e formam uma passagem pela musculatura, um “buraco”, que é conhecido como anel herniário. Isso faz com que o revestimento interior do abdômen forme um saco. Uma porção do intestino ou de outro tecido abdominal pode entrar nesse saco, causando dor e outras complicações. O sinal mais comum e perceptível é uma saliência na virilha ou na área abdominal. Porém, esse sintoma pode ser tão leve em algumas mulheres que passa despercebido. “As hérnias nas mulheres frequentemente são minúsculas e internas, razão pela qual são frequentemente confundidas com outras condições”, observa Gabor.
Causas mais comuns
O problema pode ser congênito, resultado de uma cirurgia ou aparecer de repente. Levantar objetos pesados, fazer muito esforço durante as evacuações, obesidade, tosse crônica ou espirros e até mesmo a gravidez podem contribuir para o aumento do risco de hérnias. Para prevenir, a recomendação dos especialistas é manter um peso saudável, comer alimentos ricos em fibras para evitar constipação, não realizar esforço físico intenso e não fumar.
Corpo de mulher
A dor da hérnia, muitas vezes, é pélvica, ocorre em torno dos ovários. Já a dor de uma hérnia oculta pode ser descrita como uma dor aguda na vagina, ao redor do quadril e nas costas, nos flancos e nas coxas. “As mulheres também podem se queixar de dor durante as evacuações, quando a bexiga está cheia, durante as relações sexuais ou no período menstrual. Essa dor pode piorar com o exercício físico, longos períodos em pé ou sentada, elevação, flexão, risada, tosse, subida de escadas ou qualquer outro movimento que aumente a pressão sobre o abdômen”, acrescenta Gabor.
Tratamento cirúrgico
Uma vez que a hérnia é diagnosticada e identificada, a dor pode ser controlada com medicamentos até o momento da cirurgia. A herniorrafia ou hernioplastia é a cirurgia que visa corrigir o defeito na musculatura e/ou aponeurose (capa que reveste os músculos) que causa o aparecimento da hérnia abdominal. A técnica consiste no fechamento do anel herniário por meio de pontos cirúrgicos ou da colocação de tela. “Essa tela é como uma rede feita de material orgânico, sintético ou ambos que tem como objetivo o fechamento do defeito e a formação de tecido cicatricial mais espesso e resistente que o tecido que se formaria sem a colocação da tela”, explica Gabor. Esse tecido formado com a tela reduz o risco de reincidência do problema.
