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26 de outubro de 2025 - 19h45
MUNDO ISLÂMICO

Netanyahu afirma que Israel é independente e defende direito de atacar em Gaza

Primeiro-ministro diz que política de segurança está nas mãos de Israel após críticas sobre influência americana; ataque em Nuseirat agrava tensão

26 outubro 2025 - 16h30Julia Maciel*
Benjamin Netanyahu afirma que nossa política de segurança está nas mãos de Israel após ataque em Nuseirat, em Gaza.
Benjamin Netanyahu afirma que "nossa política de segurança está nas mãos de Israel" após ataque em Nuseirat, em Gaza. - Foto: Reprodução

O primeiroministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou neste domingo que Israel é um “Estado independente” e que não precisa de autorização de terceiros para decidir suas ações militares, em declaração que reacende o debate sobre autonomia e coordenação com os Estados Unidos no contexto do conflito em Gaza. As falas ocorreram horas após um ataque israelense ao campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, que deixou feridos e gerou novas acusações de violação do cessarfogo por parte do Hamas.

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“Estamos mudando o Oriente Médio juntos, mas quero deixar uma coisa clara: nossa política de segurança está nas mãos de Israel”, disse Netanyahu, segundo trechos divulgados pela imprensa. Ao repetir que “Israel é um país independente. Os Estados Unidos são um país independente”, o premiê procurou reforçar a ideia de que a parceria com Washington não se traduz em submissão nas decisões militares.

A declaração surge em meio a relatos que circularam na semana anterior, segundo os quais o governo do presidente Donald Trump teria tentado influenciar a resposta israelense às preocupações de segurança oriundas de Gaza. Netanyahu rejeitou essa leitura e enfatizou que, apesar da parceria com os EUA, a responsabilidade pela segurança nacional permanece com Israel.

Ataque em Nuseirat e reação internacional - Na noite de sábado, forças israelenses atacaram o campo de refugiados central de Nuseirat pela segunda vez em uma semana, de acordo com o Hospital Awda, que recebeu os feridos. O Exército israelense informou que o alvo eram militantes associados à Jihad Islâmica Palestina, apontando que o grupo planejaria ataques contra tropas israelenses. O episódio aumentou a tensão na região e provocou críticas de grupos palestinos.

O Hamas classificou o ataque como uma “clara violação” do acordo de cessarfogo e acusou Netanyahu de sabotar esforços diplomáticos, inclusive aqueles atribuídos ao governo americano para encerrar o conflito. Em nota, o grupo também apontou a ação como uma retomada de operações que colocam civis em risco.

Netanyahu, por sua vez, defendeu a ação como necessária para “frustrar perigos à medida que eles se formam, antes de serem executados”. “É claro que também frustramos os perigos à medida que eles se formam, antes de serem executados, como fizemos ontem na Faixa de Gaza”, afirmou, referindose às operações recentes.

O premiê ressaltou que a relação entre Israel e Estados Unidos alcançou “um nível histórico” e qualificou os dois países como parceiros. Ainda assim, Netanyahu foi enfático ao separar a esfera diplomática e a parceria estratégica da tomada de decisões militares: “nossa política de segurança está nas mãos de Israel”, disse, buscando acalmar setores internos que reclamavam de perda de autonomia e também responder a críticas externas sobre alinhamento automático.

Analistas apontam que a mensagem cumpre dupla função: por um lado, tranquilizar a base política e os militares israelenses quanto à soberania das decisões; por outro, sinalizar aos parceiros internacionais que, apesar de coordenar ações com aliados, Israel mantém prerrogativas próprias em matéria de defesa.

Reportes recentes — que ganharam circulação na semana anterior e motivaram diálogo público sobre a relação trilateral entre Washington, Jerusalém e atores regionais — deram conta de que o governo Trump teria tentado influenciar ou orientar a resposta israelense a determinadas ameaças. Netanyahu procurou afastar qualquer impressão de que Israel estaria agindo sob ordens externas, reafirmando que a parceria com os EUA é de cooperação, não de subordinação.

Em momentos de escalada militar, a linha oficial israelense costuma enfatizar a necessidade de agir preventivamente contra grupos que ameacem tropas e civis. A argumentação pública procura justificar operações pontuais como medidas de segurança legítimas, ainda que suscitem críticas humanitárias e diplomáticas.

Impacto humanitário e resposta de Gaza - O ataque em Nuseirat agrava a já delicada situação humanitária na Faixa de Gaza, onde campos de refugiados concentram grande número de civis e serviços médicos estão sobrecarregados. O Hospital Awda, que recebeu os feridos, relatou atendimento a vítimas do bombardeio, e grupos de direitos humanos associam operações em áreas densamente povoadas a riscos elevados de danos colaterais.

O Hamas, além de classificar o ataque como violação do cessarfogo, acusou Netanyahu de agir para minar esforços de mediação e encerrar a guerra. Ele também denunciou o que descreve como persistente pressão militar e política que mantém a população civil em situação de risco.

As declarações de Netanyahu e os incidentes em Gaza devem influenciar a agenda diplomática regional nas próximas semanas. Se por um lado Washington tem buscado papel ativo em negociações e pressões para redução da violência, por outro a insistência israelense em preservar autonomia operacional dificulta acordos que condicionem explicitamente a ação militar a orientações externas.

A retórica do premiê e a continuidade de operações em áreas sensíveis podem também influenciar a postura de aliados e adversários no Oriente Médio, além de repercutir em frentes políticas internas, onde a defesa da soberania é tema sensível. Observadores aguardam sinais de como a cooperação bilateral com os EUA evoluirá diante da necessidade de conciliar interesses estratégicos e pressões humanitárias.

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