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CIÊNCIA E ESPAÇO

Rover da Nasa encontra em Marte rochas com sinais potenciais de vida microscópica antiga

Amostra coletada pelo Perseverance em leito de rio seco contém compostos ligados à atividade microbiana na Terra, mas análise final depende de estudo em laboratórios

10 setembro 2025 - 16h35AP
Amostras coletadas pelo Perseverance podem conter indícios de vida microscópica antiga em Marte
Amostras coletadas pelo Perseverance podem conter indícios de vida microscópica antiga em Marte - Foto: Nasa via AP
ENERGISA

O rover Perseverance, da Nasa, encontrou em Marte rochas que podem conter sinais de vida microscópica antiga, informaram cientistas nesta quarta-feira (10). A amostra foi retirada de um leito de rio seco no canal Neretva Vallis, que há bilhões de anos levava água para a cratera Jezero.

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Embora o achado seja considerado o mais promissor até agora, especialistas enfatizam que só análises aprofundadas em laboratórios da Terra poderão confirmar ou descartar a hipótese.

“É o mais perto que chegamos de descobrir vida antiga em Marte”, disse Nicky Fox, chefe da missão científica da Nasa.

O que foi encontrado

Coletada no verão passado, a amostra contém rochas sedimentares ricas em argila e carbono orgânico, além de partículas microscópicas apelidadas de ‘sementes de papoula’ e ‘manchas de leopardo’, enriquecidas com fosfato de ferro e sulfeto de ferro.

Na Terra, compostos semelhantes são subprodutos da decomposição de matéria orgânica por micro-organismos.

Apesar disso, cientistas alertam que processos não biológicos também podem ter gerado tais características.

“Tudo o que podemos dizer é que uma das explicações possíveis é a vida microbiana, mas pode haver outras maneiras de criar esse conjunto de características que vemos”, afirmou Joel Hurowitz, pesquisador da Universidade Stony Brook e líder do estudo publicado na revista Nature.

Um passo importante, mas não definitivo

A descoberta foi chamada de “empolgante” por pesquisadores que não participaram do estudo, como Janice Bishop, do Instituto SETI, e Mario Parente, da Universidade de Massachusetts Amherst. Ambos ressaltaram que não há prova conclusiva de vida em Marte.

“Seria incrível poder demonstrar conclusivamente que essas características foram formadas por algo que estava vivo em outro planeta bilhões de anos atrás, certo? Mas, mesmo que não seja esse o caso, é uma lição valiosa sobre todas as maneiras pelas quais a natureza pode conspirar para nos enganar”, disse Hurowitz.

O desafio da análise na Terra

O Perseverance já coletou 30 amostras desde que começou a explorar Marte em 2021. Dez delas foram depositadas na superfície marciana como backup; o restante continua armazenado no rover.

A expectativa inicial era que as amostras fossem trazidas de volta no início da década de 2030. No entanto, custos de até US$ 11 bilhões atrasaram o plano para a década de 2040.

Segundo o administrador interino da Nasa, Sean Duffy, ainda não há definição sobre como prosseguir. “Todas as opções estão em aberto”, disse, incluindo a possibilidade de enviar equipamentos mais sofisticados para análises diretas em Marte.

A busca por vida em Marte

Missões da Nasa já confirmaram a existência de água no passado marciano e vêm concentrando esforços em ambientes que poderiam ter sustentado vida. Até agora, não há evidências de vida atual no planeta vermelho.

Ainda assim, a amostra da formação Bright Angel, coletada no canal fluvial Neretva Vallis, é considerada por cientistas como o melhor candidato até hoje na busca por vestígios de vida antiga em Marte.

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