
O Mato Grosso do Sul está trilhando um caminho sólido para se tornar um Estado Carbono Neutro. Essa meta está sendo construída por meio de políticas públicas que envolvem transição energética, agricultura sustentável, redução do desmatamento e segurança alimentar. Os avanços e os desafios dessa jornada foram apresentados nesta terça-feira (29) pelo secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, durante a abertura do Repronutri 2025, simpósio que ocorre em Campo Grande.

Com o tema “Pecuária do Futuro”, o Repronutri reúne especialistas da área pecuária para debater inovações nos sistemas de produção, buscando soluções sustentáveis para o setor. O evento acontece no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo e se estende até esta quarta-feira (30), com participação de autoridades e representantes do setor produtivo.
Tecnologia e inovação na pecuária são chave para neutralidade de carbono - Durante sua apresentação, Jaime Verruck destacou que a pecuária do futuro será moldada por tecnologias e práticas sustentáveis. “Ela será construída com base na tecnologia, na transição para técnicas inovadoras. Isso tudo é essencial para o Estado alcançar a neutralidade de carbono”, afirmou.
Entre os pilares dessa transformação, está a gestão eficiente da água e a recuperação de áreas degradadas. Verruck explicou que o setor agropecuário é hoje o principal emissor de gases de efeito estufa no estado, devido principalmente à criação de gado e às mudanças no uso do solo. No entanto, ele ressaltou que o Estado já deu um passo importante ao converter cerca de cinco milhões de hectares de pastagens degradadas em áreas agrícolas, contribuindo para a redução de emissões.
Energia limpa e logística sustentável são prioridades - Outro ponto destacado pelo secretário é o avanço na utilização de fontes renováveis de energia. Hoje, 94% da matriz energética de Mato Grosso do Sul é composta por hidrelétricas e biomassa. “O setor de bioenergia tem papel essencial na descarbonização”, afirmou Verruck.
No entanto, o transporte ainda representa um grande desafio. Com uma economia fortemente apoiada no modal rodoviário, o uso intensivo de diesel coloca o setor como um dos principais emissores de carbono no estado. Segundo o secretário, a transição passará por três etapas: substituição do diesel por gás natural, substituição do gás por biometano (já em produção no estado) e, por fim, a migração para o transporte ferroviário.
“Esse processo exige investimentos robustos em infraestrutura, mas é fundamental para alcançarmos a neutralidade até 2030”, completou.
Pecuária sustentável e redução de metano estão no foco - No setor pecuário, a estratégia para reduzir as emissões envolve práticas sustentáveis e o uso de genética para encurtar o ciclo produtivo do gado. “Temos um programa que busca reduzir o tempo de abate, o que diminui a emissão de metano. A meta é tornar a atividade mais eficiente e menos poluente”, explicou Verruck.
Essa abordagem já é incentivada pelo governo estadual, que oferece apoio a produtores que adotam técnicas sustentáveis e inovadoras. O uso de sistemas integrados, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), é um exemplo disso e tem ganhado força no estado, consolidando o Mato Grosso do Sul como referência nacional em agricultura sustentável.
Combate ao desmatamento e foco no transporte - Outro fator que contribui para o avanço rumo ao Carbono Neutro é a redução do desmatamento. O secretário lembrou que a política de agricultura sustentável, anteriormente conhecida como agricultura de baixo carbono, já vem sendo implementada com bons resultados. "Reduzir o desmatamento é um objetivo primordial", reforçou.
Mesmo com todos os avanços, Verruck foi enfático ao apontar o transporte como o principal gargalo no curto prazo. “Se quisermos neutralizar as emissões até 2030, precisamos concentrar nossos esforços no setor de transportes. Essa é, sem dúvida, a maior dificuldade atual”, finalizou.
Simpósio Repronutri discute o futuro da pecuária - O Repronutri 2025 conta com uma programação diversificada e inovadora, voltada para o debate de temas como reprodução, nutrição e produção de bovinos. Especialistas nacionais e internacionais participam das palestras, que abordam tanto os desafios quanto as soluções para uma pecuária mais moderna, eficiente e alinhada aos princípios da sustentabilidade.
O evento reforça o papel estratégico do Mato Grosso do Sul na agenda climática e no desenvolvimento de modelos produtivos mais responsáveis com o meio ambiente. Ao reunir produtores, pesquisadores e representantes do poder público, o simpósio também se torna um espaço de construção coletiva em torno de um novo paradigma para a agropecuária brasileira.
