
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) solicitou à Justiça o bloqueio de até R$ 3 milhões em bens do empresário Renê da Silva Nogueira Junior, investigado e confesso pela morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, ocorrida em Contagem (MG) após uma discussão de trânsito. O pedido também inclui a esposa do empresário, delegada da Polícia Civil, por ser a proprietária da arma usada no crime.

Segundo o MP, a medida tem como objetivo garantir indenização à família da vítima, diante do risco de o casal movimentar ou ocultar patrimônio após a grande repercussão do caso. A preferência do bloqueio é para valores em dinheiro em espécie ou em contas e aplicações bancárias.
"O padrão de vida exposto nas redes sociais e as carreiras bem-sucedidas indicam capacidade financeira para uma indenização expressiva", diz um trecho do parecer.
A Polícia Civil de Minas Gerais informou que Renê Nogueira foi ouvido novamente nesta segunda-feira (18) e confessou ter efetuado o disparo que matou o gari Laudemir Fernandes. Ele afirmou que agiu após uma briga de trânsito e que utilizou a arma particular da esposa, uma pistola calibre .380, sem o conhecimento dela.
Renê está preso preventivamente desde a semana passada, mas, até então, negava envolvimento direto no assassinato. A polícia confirmou que a pistola usada pertence à delegada Ana Paula Balbino Nogueira, e exames periciais comprovaram que foi a mesma arma utilizada no crime.
O crime aconteceu quando o empresário se irritou com o caminhão de lixo que interrompia momentaneamente o fluxo da rua por onde transitava. De acordo com testemunhas ouvidas pela Polícia Civil, Renê chegou a ameaçar a motorista do veículo de coleta:
"Vou atirar na sua cara", teria dito.
Ao ouvir a ameaça, Laudemir e outros trabalhadores desceram do caminhão em defesa da colega. Neste momento, o empresário sacou a arma e disparou contra o peito de Laudemir, que foi socorrido e levado ao Hospital Santa Rita, mas não resistiu aos ferimentos.
Após o crime, o autor fugiu e foi preso enquanto treinava em uma academia de alto padrão no bairro Estoril, área nobre de Belo Horizonte.
Embora Renê afirme que a delegada não sabia que ele havia pegado a arma, o Ministério Público defende que ela seja responsabilizada solidariamente, por ser a proprietária legal do armamento. Isso inclui o pedido de bloqueio de bens do casal.

A promotoria argumenta que, independentemente do envolvimento direto, a delegada tinha o dever de guarda da arma, o que a torna corresponsável pelos danos causados.
Com a confissão, houve mudança na equipe jurídica que representava o empresário. Os advogados Leonardo Guimarães Salles, Leandro Guimarães Salles e Henrique Vieira Pereira deixaram o caso nesta segunda-feira (18).
"Após conversa reservada com o cliente, decidimos, por motivo de foro íntimo, renunciar à representação", disse Leonardo Salles, por meio de nota.
Até a publicação desta matéria, a nova defesa de Renê ainda não havia sido localizada.
A Polícia Civil já indiciou Renê Nogueira Junior por homicídio duplamente qualificado, além de responder por porte ilegal de arma e ameaça. O caso segue em andamento e a expectativa é que a Justiça avalie nos próximos dias o pedido de bloqueio patrimonial feito pelo Ministério Público.
A morte de Laudemir de Souza Fernandes causou comoção e revolta, especialmente entre colegas de profissão e moradores de Contagem. O gari era conhecido por sua dedicação ao trabalho e deixou familiares que agora buscam por justiça.
