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MP de Minas pede bloqueio de R$ 3 milhões de empresário que matou gari após briga de trânsito

Renê Nogueira confessou ter atirado contra Laudemir Fernandes usando a arma da esposa, que é delegada; casal pode ter bens bloqueados

19 agosto 2025 - 22h00Redação, O Estado de S. Paulo
Empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, preso por atirar e matar gari em BH.
Empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, preso por atirar e matar gari em BH. - (Foto: Reprodução/TV Globo)

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) solicitou à Justiça o bloqueio de até R$ 3 milhões em bens do empresário Renê da Silva Nogueira Junior, investigado e confesso pela morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, ocorrida em Contagem (MG) após uma discussão de trânsito. O pedido também inclui a esposa do empresário, delegada da Polícia Civil, por ser a proprietária da arma usada no crime.

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Segundo o MP, a medida tem como objetivo garantir indenização à família da vítima, diante do risco de o casal movimentar ou ocultar patrimônio após a grande repercussão do caso. A preferência do bloqueio é para valores em dinheiro em espécie ou em contas e aplicações bancárias.

"O padrão de vida exposto nas redes sociais e as carreiras bem-sucedidas indicam capacidade financeira para uma indenização expressiva", diz um trecho do parecer.

A Polícia Civil de Minas Gerais informou que Renê Nogueira foi ouvido novamente nesta segunda-feira (18) e confessou ter efetuado o disparo que matou o gari Laudemir Fernandes. Ele afirmou que agiu após uma briga de trânsito e que utilizou a arma particular da esposa, uma pistola calibre .380, sem o conhecimento dela.

Renê está preso preventivamente desde a semana passada, mas, até então, negava envolvimento direto no assassinato. A polícia confirmou que a pistola usada pertence à delegada Ana Paula Balbino Nogueira, e exames periciais comprovaram que foi a mesma arma utilizada no crime.

O crime aconteceu quando o empresário se irritou com o caminhão de lixo que interrompia momentaneamente o fluxo da rua por onde transitava. De acordo com testemunhas ouvidas pela Polícia Civil, Renê chegou a ameaçar a motorista do veículo de coleta:
"Vou atirar na sua cara", teria dito.

Ao ouvir a ameaça, Laudemir e outros trabalhadores desceram do caminhão em defesa da colega. Neste momento, o empresário sacou a arma e disparou contra o peito de Laudemir, que foi socorrido e levado ao Hospital Santa Rita, mas não resistiu aos ferimentos.

Após o crime, o autor fugiu e foi preso enquanto treinava em uma academia de alto padrão no bairro Estoril, área nobre de Belo Horizonte.

Embora Renê afirme que a delegada não sabia que ele havia pegado a arma, o Ministério Público defende que ela seja responsabilizada solidariamente, por ser a proprietária legal do armamento. Isso inclui o pedido de bloqueio de bens do casal.

O gari Laudemir de Souza Fernandes, morto durante discussão no trânsito, enquanto trabalhava na coleta de lixo.O gari Laudemir de Souza Fernandes, morto durante discussão no trânsito, enquanto trabalhava na coleta de lixo. - (Foto: Reprodução/TV Globo)

A promotoria argumenta que, independentemente do envolvimento direto, a delegada tinha o dever de guarda da arma, o que a torna corresponsável pelos danos causados.

Com a confissão, houve mudança na equipe jurídica que representava o empresário. Os advogados Leonardo Guimarães Salles, Leandro Guimarães Salles e Henrique Vieira Pereira deixaram o caso nesta segunda-feira (18).

"Após conversa reservada com o cliente, decidimos, por motivo de foro íntimo, renunciar à representação", disse Leonardo Salles, por meio de nota.

Até a publicação desta matéria, a nova defesa de Renê ainda não havia sido localizada.

A Polícia Civil já indiciou Renê Nogueira Junior por homicídio duplamente qualificado, além de responder por porte ilegal de arma e ameaça. O caso segue em andamento e a expectativa é que a Justiça avalie nos próximos dias o pedido de bloqueio patrimonial feito pelo Ministério Público.

A morte de Laudemir de Souza Fernandes causou comoção e revolta, especialmente entre colegas de profissão e moradores de Contagem. O gari era conhecido por sua dedicação ao trabalho e deixou familiares que agora buscam por justiça.

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