Por meses, um caminhão amarelo cruzou as rodovias de São Paulo sem pagar os pedágios. Foram 676 vezes. O valor que deixou de ser arrecadado? R$ 22 mil. O motorista, de 51 anos, foi detido na quarta-feira (16), perto de Taquaritinga, no interior do estado.
O esquema era simples: o caminhoneiro se encostava no carro da frente, esperava a cancela abrir e passava junto, sem pagar. As câmeras de segurança flagraram a estratégia, sempre a mesma, em diferentes praças de pedágio.
Só nas rodovias administradas pela Arteris ViaPaulista, que cobre a região de Ribeirão Preto, foram 92 passagens não pagas entre outubro de 2024 e abril de 2025.
“Era orientação da empresa”, disse o motorista - Quando foi abordado pela Polícia Militar Rodoviária, o motorista não hesitou: disse que trabalhava para uma empresa de Cotia, na Grande São Paulo, e que recebeu ordens para agir assim. Segundo ele, a regra era clara: se der para passar, passe; se não der, pague. Depois a firma resolve.
A prática, claro, é ilegal. Fugir do pedágio é considerado infração grave pelo Código de Trânsito Brasileiro. A multa é de R$ 195,23 por evasão, além da perda de cinco pontos na carteira de motorista.
Prejuízo não é só para a concessionária - A gerente de operações da Arteris ViaPaulista, Ana Caetano, explica que quando o pedágio não é pago, o problema vai além das concessionárias. Parte do valor arrecadado é repassada em forma de imposto (ISS) para as prefeituras.
“Quando alguém burla o pedágio, toda a comunidade perde, porque o repasse para as cidades diminui”, diz Ana.
Segundo dados da Arteris, o número de fugas aumentou 65% no primeiro trimestre de 2025 nas regiões de Ribeirão Preto, Franca e Araraquara, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Investigação continua - A polícia agora investiga se a empresa citada pelo motorista será multada ou processada. Até a publicação da reportagem, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) ainda não havia comentado o caso.
Enquanto isso, o caminhoneiro aguarda os próximos passos da Justiça. E o número que ele deixou pelo caminho — 676 — já entrou para a história das rodovias de São Paulo.
