
Pelo menos 23 palestinos foram mortos neste domingo, 3, enquanto tentavam alcançar pontos de distribuição de alimentos na Faixa de Gaza, segundo informações de autoridades de saúde locais e testemunhas. O episódio, mais um entre tantos na crise humanitária que assola o território, ocorreu em meio à crescente escassez de comida provocada pelo bloqueio imposto por Israel e por uma ofensiva militar que já dura quase dois anos.

Moradores relataram ter sido alvo de disparos enquanto multidões famintas se dirigiam aos locais onde havia promessa de entrega de ajuda humanitária. O cenário descrito por testemunhas foi de caos e medo.
Desespero sob fogo
Yousef Abed, que estava a caminho de um desses pontos de distribuição, contou ter presenciado um ataque com tiros enquanto centenas de pessoas se aproximavam do local. “Foi um fogo indiscriminado. Vi ao menos três pessoas caídas, sangrando no chão. Não pude parar para ajudar por causa das balas”, relatou.
Os relatos de ataques em momentos de entrega de ajuda têm se tornado frequentes nos últimos meses, agravando ainda mais a crise humanitária em Gaza. A região vive sob bloqueio terrestre, aéreo e marítimo imposto por Israel desde 2007, e tem enfrentado uma ofensiva militar intensificada desde 2023.
Fome avança entre a população
Organizações internacionais e especialistas alertam que a fome em Gaza já atinge níveis críticos. Com dificuldade de entrada de alimentos, medicamentos e combustível, os estoques disponíveis estão praticamente esgotados. Hospitais operam com recursos mínimos, e famílias têm recorrido a doações emergenciais para sobreviver.
De acordo com agências humanitárias, a situação pode evoluir rapidamente para uma catástrofe alimentar se corredores seguros para distribuição de ajuda não forem garantidos imediatamente.
Denúncias e apelos internacionais
O episódio deste domingo se soma a outros casos semelhantes registrados recentemente, em que a população palestina foi alvo de violência durante ações de ajuda humanitária. Diversos organismos internacionais têm pressionado por cessar-fogo e pela criação de corredores humanitários, mas até agora sem consenso político suficiente para que isso se concretize.
Israel ainda não comentou oficialmente as mortes ocorridas neste novo episódio, nem sobre os relatos de disparos contra civis. A comunidade internacional continua dividida quanto à condução do conflito, enquanto as vítimas civis, em sua maioria mulheres e crianças, continuam a aumentar.
Crise sem trégua
Desde o agravamento do conflito, a população de Gaza vive sob um cenário de colapso dos serviços essenciais. Escolas, hospitais e centros comunitários foram danificados ou destruídos, e a reconstrução parece distante diante da continuidade da ofensiva militar e da ausência de negociações efetivas.
Enquanto a política internacional tenta buscar saídas diplomáticas, a realidade no solo é marcada por mortes, fome e desespero. As imagens vindas de Gaza mostram crianças desnutridas, filas intermináveis por comida e civis tentando sobreviver em meio aos escombros.
Apelo por ação imediata
Organizações de direitos humanos continuam fazendo apelos por uma resposta coordenada da comunidade internacional, que garanta ao menos condições mínimas de sobrevivência para os mais de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza.
A cada novo dia, a crise humanitária se aprofunda, tornando cada vez mais urgente o fim das hostilidades e o início de uma reconstrução baseada no respeito à vida e ao direito internacional humanitário.
(Com informações da Associated Press)
