
O Brasil registrou 1,5 milhão de mortes em 2024, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa um aumento de 4,6% em relação ao ano anterior, configurando o maior crescimento desde o período da pandemia de covid-19.
Mesmo com a alta expressiva, o total de óbitos ainda está 0,6% abaixo do registrado em 2022, quando o país ainda vivia os reflexos mais severos da crise sanitária. Fora os anos pandêmicos, esse é o maior avanço percentual em duas décadas — até então, nenhuma variação havia superado os 3,5% de um ano para outro.
O levantamento faz parte da pesquisa Estatísticas do Registro Civil, baseada em dados coletados em mais de 8 mil cartórios de registro civil em todo o país.
Envelhecimento populacional explica tendência de alta - Segundo especialistas do IBGE, o crescimento está relacionado ao envelhecimento da população brasileira. A demógrafa e analista da pesquisa, Cintia Simoes Agostinho, lembra que a maior parte dos óbitos acontece entre pessoas idosas.
“Onde ocorrem mais óbitos? Nas pessoas mais velhas”, explica. “Então, o que a gente espera daqui para frente é um aumento do número de óbitos, porque a população vai envelhecendo”.
Essa perspectiva acompanha uma tendência já observada nas últimas décadas, em que o avanço da expectativa de vida também traz um crescimento proporcional de mortes por causas naturais.
Doenças circulatórias seguem como principais vilãs - A gerente da pesquisa, Klivia Brayner, destaca que o IBGE não identifica as causas exatas das mortes no levantamento, mas ressalta que problemas cardiovasculares são tradicionalmente os principais responsáveis.
“A principal causa no Brasil, geralmente, são os óbitos por problemas circulatórios, como infarto, problemas do coração”, afirma.
No entanto, ela chama atenção para casos atípicos, como o do Distrito Federal, onde o número de mortes subiu 11,6% entre 2023 e 2024. Segundo Brayner, esse aumento pode estar relacionado ao avanço da dengue na região. “Teve aumento de óbitos por causas de dengue”, pontua. Ainda assim, ela pondera que seriam necessárias outras fontes para confirmar esse vínculo de forma precisa.
Mortes por causas não naturais ainda atingem mais os homens - A pesquisa revela ainda que 90,9% das mortes registradas em 2024 ocorreram por causas naturais. Já os óbitos por motivos não naturais, como homicídios, acidentes e suicídios, representaram 6,9% do total. Em 2,2% dos casos, a causa da morte não foi informada.
O estudo também destaca um dado demográfico importante: nascem mais meninos que meninas — foram 105 meninos para cada 100 meninas em 2024. No entanto, morrem significativamente mais homens do que mulheres. A cada 100 óbitos femininos, ocorreram 120 mortes masculinas.
Essa disparidade é ainda mais evidente entre os jovens. Na faixa etária de 15 a 29 anos, os óbitos por causas não naturais entre homens (85,2 mil) foram 4,7 vezes maiores do que entre mulheres (18 mil). A sobremortalidade masculina nessa faixa é 7,7 vezes maior, evidenciando um padrão que permanece constante há anos.
Comparativo histórico dos últimos anos - Os dados consolidados mostram uma evolução significativa nos registros de mortes ao longo dos anos:
2019: 1,3 milhão (último ano antes da pandemia)
2020: 1,5 milhão
2021: 1,8 milhão (pico da pandemia)
2022: 1,5 milhão
2023: 1,4 milhão
2024: 1,5 milhão
Entre 2020 e 2023, o Brasil contabilizou mais de 700 mil mortes associadas diretamente à pandemia de covid-19.

