
Morreu nesta segunda-feira (28), no Rio de Janeiro, aos 74 anos, o jornalista Marcelo Beraba, um dos principais nomes do jornalismo investigativo brasileiro e fundador da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Ele foi vítima de um tumor no cérebro e estava internado no Hospital Copa D’Or.

Beraba teve uma trajetória de quase 50 anos na imprensa nacional. Trabalhou nos principais veículos de comunicação do país, incluindo Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo e TV Globo, mas foi na Folha de S.Paulo que construiu parte central de sua carreira. Atuou por mais de duas décadas no jornal, onde foi editor de política, secretário de redação e ombudsman (2004–2007), contribuindo para modernizar os processos editoriais e reforçar padrões de rigor jornalístico.
Ao longo da carreira, participou de coberturas históricas, como a campanha Diretas Já (1984), a primeira eleição presidencial pós-ditadura (1989) e reportagens que denunciaram riscos em testes nucleares no país.
Em 2002, após o assassinato do jornalista Tim Lopes, liderou a criação da Abraji, organização que se tornou referência na formação de jornalistas e na defesa da liberdade de imprensa no Brasil. Foi seu primeiro presidente e responsável por consolidar parcerias internacionais e cursos de investigação.
Beraba recebeu, em 2005, o Prêmio Excelência em Jornalismo do International Center for Journalists (ICFJ), em Washington, reconhecido como um dos maiores incentivos ao jornalismo investigativo na América Latina.
Aposentado desde 2019, continuava atuando em projetos de formação para jovens repórteres. Deixa a mulher, também jornalista, quatro filhos e três netos.
