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ÁREAS PROTEGIDAS

Como é a vida de quem mora em áreas protegidas em MS

Novo levantamento do IBGE mostra como vivem os moradores das Unidades de Conservação e os desafios que ainda enfrentam

11 julho 2025 - 14h00Redação
IBGE mostra como vivem os brasileiros que moram em áreas protegidas e os desafios que enfrentam, como falta de água e esgoto.
IBGE mostra como vivem os brasileiros que moram em áreas protegidas e os desafios que enfrentam, como falta de água e esgoto. - (Foto: Divulgação)

Morar perto de florestas, rios limpos e animais silvestres parece o sonho de muita gente. Mas, para mais de 11 milhões de brasileiros, essa é a realidade de todos os dias. Eles vivem nas chamadas Unidades de Conservação (UCs) — áreas criadas por lei para proteger a natureza.

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Essas áreas têm regras para evitar o desmatamento e preservar a biodiversidade, mas também são lugar de moradia para milhares de famílias, incluindo indígenas, quilombolas, ribeirinhos e trabalhadores rurais. O problema é que, mesmo vivendo em locais com tanta riqueza natural, essas pessoas enfrentam dificuldades básicas, como falta de água encanada, esgoto e coleta de lixo.

Esses dados fazem parte de um levantamento feito pelo IBGE, divulgado no dia 11 de julho de 2025, com base no Censo Demográfico 2022.

O que são as Unidades de Conservação? São áreas protegidas por lei, como parques, reservas extrativistas ou áreas de proteção ambiental. Algumas permitem a presença de moradores, chamadas de áreas de uso sustentável, enquanto outras têm regras mais rígidas, conhecidas como áreas de proteção integral, onde a presença humana é bem mais limitada.

O objetivo dessas áreas é garantir que a natureza continue preservada para as futuras gerações. Só que muita gente já morava nesses locais antes de virarem áreas protegidas — por isso, a vida nessas regiões é cheia de desafios.

Quase 6% da população do Brasil mora em UCs - No Brasil, 11,8 milhões de pessoas vivem dentro dessas áreas. Isso equivale a quase 6% da população do país. A maioria mora em áreas de uso sustentável, onde é permitido viver e trabalhar respeitando regras de preservação. Já em áreas de proteção integral, onde a presença humana é restrita, vivem pouco mais de 131 mil pessoas.

O levantamento mostra que muitas dessas famílias não têm acesso a serviços básicos, como água tratada, rede de esgoto e coleta de lixo. Quatro em cada dez moradores dessas áreas vivem com pelo menos um tipo de problema de saneamento. Mais de 46 mil casas não têm nem banheiro.

Quem são essas pessoas? A maioria dos moradores se declara parda (51%), seguida por brancos (36%) e pretos (12%). Também há muitos quilombolas e indígenas, que vivem nessas regiões há gerações.

No Mato Grosso do Sul, por exemplo, quase 10% da população indígena do estado vive dentro de Unidades de Conservação. Muitas dessas famílias vivem em áreas rurais, com pouco acesso à cidade.

A taxa de analfabetismo também é maior nessas regiões. Enquanto no Brasil a média é de 7%, nas UCs o número sobe para quase 9%. Ou seja, mais de 800 mil pessoas com 15 anos ou mais não sabem ler nem escrever.

Um estilo de vida que precisa de apoio - Viver em contato direto com a natureza exige esforço. As casas são, muitas vezes, simples. O transporte é difícil. A energia elétrica nem sempre chega. E a precariedade nos serviços básicos traz riscos tanto para a saúde das pessoas quanto para o meio ambiente.

“O acesso ao saneamento básico é essencial para garantir qualidade de vida. Nas UCs, esses serviços ainda são muito limitados”, explica Fernando Damasco, do IBGE.

Em algumas áreas, indígenas e quilombolas vivem em situação ainda mais difícil: 60% dos indígenas e 86% dos quilombolas que moram nessas áreas não têm água tratada, rede de esgoto ou coleta de lixo adequada.

Onde estão as UCs mais populosas - Os estados com mais moradores em Unidades de Conservação são São Paulo, Maranhão, Bahia e Rio de Janeiro. Só São Paulo tem mais de 2,4 milhões de pessoas vivendo nessas áreas. Já o Distrito Federal e o Maranhão são os que têm a maior proporção de moradores em UCs em relação à população total de cada estado.

No Mato Grosso do Sul, a presença de indígenas vivendo nessas áreas é significativa, mas o estado ainda tem pouca participação na gestão das UCs.

A maioria vive em áreas estaduais - A maior parte da população em UCs está em áreas controladas pelos governos estaduais. São mais de 7,8 milhões de pessoas. O restante vive em áreas administradas pelo governo federal ou pelas prefeituras.

Em MS, a participação do estado na gestão dessas áreas ainda é pequena, com menos de 1% da população das UCs sob responsabilidade estadual.

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