
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta quarta-feira (15) que o Brasil não enfrentou um “apagão” na madrugada da última terça-feira (14), mas sim uma “interrupção com resposta pronta e rápida” por parte do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A declaração ocorreu em meio a questionamentos sobre a falha que afetou mais de 20 estados, com destaque para São Paulo, o mais prejudicado.

Segundo o ministro, o sistema elétrico reagiu dentro do esperado e evitou danos maiores. “Não vamos causar nenhum pânico ao povo brasileiro. Houve uma interrupção temporal, o sistema funcionou rapidamente, preservou todos os hospitais, fez um corte de energia automatizado e calculado de 8% a 12% em cada estado. E, em uma hora e meia, foi restabelecida completamente a energia no Brasil. Ou seja, não houve apagão”, afirmou Silveira.
A falha ocorreu à 0h32 de terça-feira e gerou transtornos em diversas regiões. Em alguns estados, houve registro de instabilidade por mais tempo, especialmente em áreas urbanas de maior consumo.
Responsabilidades ainda estão sob investigação - Apesar da tentativa de tranquilizar a população, o governo federal admite que, caso seja identificada negligência de empresas do setor elétrico, punições poderão ser aplicadas. O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, confirmou que o episódio está sendo investigado.
“Se ficar comprovada alguma falha por parte das empresas, elas poderão ser penalizadas ao fim do trâmite administrativo conduzido pela agência”, disse Feitosa. O processo seguirá os ritos previstos em regulação, incluindo perícias técnicas e direito à ampla defesa.
Durante entrevista coletiva, Silveira também foi questionado sobre a venda da participação minoritária da Eletrobras na estatal Eletronuclear para o grupo J&F Investimentos, controlado pelos irmãos Batista. O ministro afirmou não conhecer os detalhes da transação.
O contrato foi assinado nesta quarta-feira e prevê a venda da totalidade das ações da Eletrobras na Eletronuclear por R$ 535 milhões. A operação faz parte do cumprimento de um Termo de Conciliação firmado com a União e submetido ao Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 7.385.
Segundo nota da Eletrobras, a alienação da participação minoritária já estava prevista no processo de desestatização da empresa, aprovado em 2022, e agora está sendo efetivada com base nos termos homologados pela Justiça.
Recorrência de falhas gera atenção do governo - Embora o corte de energia tenha sido restabelecido em pouco mais de uma hora, especialistas apontam para a necessidade de reforçar os protocolos de segurança e a infraestrutura das linhas de transmissão, especialmente diante do aumento do consumo e da diversificação da matriz energética.
Em agosto deste ano, o Brasil enfrentou outro evento semelhante, quando uma falha em uma subestação na região Norte causou apagões em grandes capitais. O governo, na época, também classificou a ocorrência como “não sistêmica”.
A nova falha reforça a importância da modernização do sistema elétrico e da adoção de mecanismos de resposta rápida para evitar consequências maiores em horários de pico ou em serviços essenciais.
