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INTERNACIONAL

Ministro da Defesa de Israel chama Lula de antissemita e agrava crise diplomática com o Brasil

Israel Katz criticou retirada do Brasil da IHRA, acusou presidente de apoiar o Hamas e publicou montagem em que Lula aparece como marionete de Khamenei

26 agosto 2025 - 09h00Redação O Estado de S. Paulo
Ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, em Jerusalém
Ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, em Jerusalém - (Foto: REUTERS/Ronen Zvulun)
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A relação entre Brasil e Israel ganhou novo capítulo de tensão nesta terça-feira, 26. O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, atacou duramente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamando-o de “antissemita declarado” e “apoiador do Hamas”. Katz também comparou o petista ao líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e publicou em sua conta oficial no X (antigo Twitter) uma montagem em que Lula aparece como marionete controlada por Khamenei.

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A crítica ocorreu após o Brasil retirar-se da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), organismo criado para combater o antissemitismo. Segundo Katz, a decisão colocaria o país “ao lado de regimes como o Irã, que nega o Holocausto e ameaça destruir Israel”.

“Agora, Lula revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e apoiador do Hamas. Como Ministro da Defesa de Israel, afirmo: saberemos nos defender contra o eixo do mal do islamismo radical, mesmo sem a ajuda de Lula e seus aliados”, escreveu.

O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente.

As declarações reforçam o clima de crise que já vinha se intensificando desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023. O Brasil condenou os ataques terroristas do Hamas, mas tem criticado a ofensiva militar israelense, acusada de provocar uma crise humanitária em território palestino. Lula chegou a acusar Israel de cometer genocídio, comparação que levou o governo Netanyahu a declará-lo persona non grata após ele ter comparado as mortes em Gaza ao Holocausto.

Na segunda-feira, 25, a chancelaria israelense anunciou o rebaixamento das relações diplomáticas com o Brasil, depois de o Itamaraty não conceder agrément (aprovação formal) ao diplomata Gali Dagan, indicado para assumir a embaixada em Brasília. A decisão foi interpretada como recusa.

Em resposta, o assessor especial de assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, afirmou que a medida é reflexo da humilhação sofrida pelo então embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, que foi publicamente constrangido em cerimônia no Museu do Holocausto, em Jerusalém.

“Eles humilharam nosso embaixador lá, uma humilhação pública. Depois daquilo, o que eles queriam? Não houve veto. Apenas não respondemos”, disse Amorim à TV Globo.

Desde maio de 2024, o Brasil mantém vago o posto de embaixador em Tel Aviv, após a retirada de Frederico Meyer. Do lado israelense, a chancelaria informou que não apresentará um novo nome para a diplomacia em Brasília, conduzindo a relação entre os países “em um patamar inferior”.

Amorim ressaltou, no entanto, que o governo brasileiro não rompeu os laços bilaterais: “Nós queremos ter uma boa relação com Israel. Mas não podemos aceitar um genocídio. Não somos contra Israel, somos contra o que o governo Netanyahu está fazendo, que é uma barbaridade”, afirmou.

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