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OFENSAS

Ex-presidente da Câmara de SP acusa advogados do Jockey Club de injúria racial

Milton Leite diz ter sido alvo de ofensa racista em processo; defesa vê tentativa de disfarçar preconceito com linguagem jurídica

13 outubro 2025 - 20h35
Milton Leite vai à polícia após ser chamado de antropoide desvairado
Milton Leite vai à polícia após ser chamado de "antropoide desvairado" - (Foto: A Crítica)
Terça da Carne

O ex-presidente da Câmara Municipal de São Paulo Milton Leite, do União Brasil, apresentou nesta segunda-feira (13), uma queixa-crime contra quatro advogados do Jockey Club de São Paulo. Ele acusa os profissionais de injúria racial por usarem o termo "antropoide desvairado" para se referir a ele em uma petição judicial.

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A denúncia foi registrada no 78º Distrito Policial, no bairro dos Jardins. O documento foi assinado pelos advogados Vicente Renato Paolillo, José Mauro Marques, João Boyadjian e Hoanes Koutoudjian. A expressão aparece em um processo de recuperação judicial do Jockey Club. No texto, os advogados relatam uma fala de Leite durante a discussão de uma lei que proibiu corridas de cavalos com apostas em São Paulo.

Segundo eles, "o vereador citado, qual antropoide desvairado, verberava: 'proprietários de cavalos, tirem seus cavalos de lá, porque serão presos'". A frase se refere a uma declaração de Leite quando presidia a Câmara, em apoio à proposta sancionada pelo prefeito Ricardo Nunes.

De acordo com a defesa de Leite, o uso do termo tem conteúdo racista. Os advogados dele afirmam que a expressão é ofensiva e busca rebaixar a dignidade do ex-vereador com base em sua cor. Eles argumentam que a linguagem formal usada no processo foi apenas uma forma de esconder o preconceito.

O documento afirma que os quatro advogados, todos homens brancos e experientes, usaram a expressão para atacar de forma deliberada. Para a defesa, o objetivo foi humilhar. A representação pede que a polícia abra investigação e que os acusados respondam criminalmente.

Milton Leite disse que também vai entrar com um processo por danos morais e que o dinheiro que receber, se ganhar a causa, será doado à Universidade Zumbi dos Palmares e ao Hospital Cruz Verde.

O ex-presidente da Câmara afirmou ainda que vai pedir a identificação formal dos advogados junto à Ordem dos Advogados do Brasil. Ele sugeriu também que a Câmara abra uma CPI para investigar o Jockey Club.

"É triste ver que, nos dias de hoje, advogados se comportam dessa forma. Nós vamos tomar as providências dentro da lei", declarou.

Milton Leite deixou a Câmara neste ano após sete mandatos seguidos. Presidiu o Legislativo paulistano por três vezes e decidiu não disputar nova eleição.

O terreno do Jockey Club tem cerca de 600 mil metros quadrados e é alvo de disputa entre o clube e a Prefeitura de São Paulo. A administração municipal cobra R$ 829 milhões em impostos atrasados e estuda transformar a área em parque público.

Em 2024, o prefeito Ricardo Nunes sancionou uma lei que proibiu as corridas de cavalos com apostas. A medida teve o apoio de Leite, mas foi derrubada pelo Tribunal de Justiça, que atendeu a um pedido do Ministério Público e considerou a lei inconstitucional. Com isso, as atividades do clube foram mantidas.

O Jockey Club foi procurado, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.

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