Juliano Ferro tem cara de quem não foge do enfrentamento. Prefeito reeleito de Ivinhema, no Mato Grosso do Sul, ele foi direto ao ponto quando perguntado se pensa em disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. “Na minha cabeça, passa federal”, respondeu. A frase foi dita durante uma entrevista no 3º Congresso dos Municípios de MS, que aconteceu em Campo Grande entre os dias 20 e 22 de outubro.
No evento, que reuniu gestores das 79 cidades do estado, Juliano não apenas falou sobre política, mas também sobre os bastidores de quem administra uma cidade em meio à crise orçamentária que atinge boa parte dos municípios brasileiros.
Juliano lembra que, ao contrário do primeiro mandato — iniciado em meio à pandemia —, agora a dificuldade é outra: orçamento apertado, queda de repasses e aumento da demanda por serviços, principalmente na saúde. “A gente investe 27% em saúde. O mínimo é 15%. Mas com 15% você não toca nada”, reclamou. Segundo ele, o hospital municipal de Ivinhema atende não só a população local, mas também moradores de municípios vizinhos, que buscam atendimento por lá.
Ainda assim, garante que as contas estão no azul. Mérito, diz ele, da política feita com “quem tem mandato”. Citou como exemplo a parceria com o senador Nelsinho Trad, responsável por enviar mais de R$ 50 milhões em emendas. “É correr atrás. Fazer política com político”, resumiu.
Com chapéu e microfone à frente, Juliano Ferro fala sobre gestão e política no estúdio do jornal A CríticaJuliano também comentou sobre sua presença constante nos noticiários e o fato de estar entre os prefeitos mais seguidos nas redes sociais do Brasil. “Eu sou o quarto mais seguido do país. E, no Mato Grosso do Sul, a minha é a rede social mais acessada de todas”, afirmou. Questionado sobre as críticas que recebe por sua popularidade, respondeu com a frase mais marcante da entrevista: “Pra quem já acordava às três da manhã pra tirar leite de vaca brava, enfrentar a política é mais fácil.”
Ele diz que a rotina pesada no campo o preparou para as cobranças e pressões da vida pública. “Quando você cresce, vira alvo”, resumiu. Mesmo com os ataques, garante que está pronto para voos maiores. “Meu nome está à disposição. Se não for agora, pode ser em 2030. Mas vai.”
Para ele, Brasília precisa de deputados federais que não apenas mandem emendas, mas que orientem os prefeitos sobre como captar recursos. “Falta isso. A gente que tá lá no município sabe onde a dor aperta”, justificou.
Juliano afirma que seu foco está na boa gestão e que não se prende a polarizações. Apesar de ser filiado ao PL e se considerar de centro-direita, diz que não recusaria recursos do governo federal — mesmo sendo de um governo de esquerda. “Sou a primeira cidade do Brasil a entregar casas do Minha Casa, Minha Vida. Vieram do governo federal. Vou dizer que não quero porque é da esquerda? Quem perderia seria o povo.”
No fim da conversa, deixou claro que nenhuma decisão será tomada sem o aval do grupo político ao qual pertence. “Tenho meus líderes: Nelsinho Trad, Zé Teixeira e o Reinaldo Azambuja. Caminho com eles.”
