Em tempos em que criatividade, inovação e inteligência emocional são habilidades cada vez mais valorizadas, Mato Grosso do Sul dá um passo importante no reconhecimento de jovens talentos. Desde 2017, o estado conta com o Ceam/AHS (Centro Estadual de Atendimento Multidisciplinar para Altas Habilidades/Superdotação), uma iniciativa da Secretaria de Estado de Educação (SED) que tem mudado a trajetória de estudantes identificados com potencial elevado.
Vinculado à Coordenadoria de Educação Especial (Coesp), o Ceam/AHS surgiu da reorganização do antigo núcleo especializado no tema e hoje atua como um centro de referência no atendimento a crianças e adolescentes com altas habilidades ou superdotação. O espaço oferece não só avaliações e diagnósticos, mas um atendimento educacional especializado (AEE) com foco no desenvolvimento integral dos alunos.
A entrada no Ceam/AHS começa com a observação dentro das próprias escolas — sejam elas da rede estadual, municipal ou particular. Professores, coordenadores e diretores podem indicar alunos com desempenho acadêmico acima da média, raciocínio lógico avançado, criatividade fora do comum, liderança precoce ou habilidades artísticas.
Esses estudantes são então submetidos a um processo de avaliação multidisciplinar, que inclui testes específicos, entrevistas, observações e análise do histórico escolar. A equipe do centro, formada por psicólogos, pedagogos e especialistas, busca mapear talentos em diferentes áreas: acadêmica, artística, criativa, psicomotora ou liderança.
Depois do diagnóstico, os alunos passam a frequentar o centro semanalmente, onde participam de oficinas, projetos interdisciplinares e atividades voltadas ao seu campo de interesse. O Ceam/AHS também oferece apoio psicológico, orientação vocacional e ações que ajudam na socialização e no fortalecimento da autoestima.
Para o jovem João Lucas Spindola Ferreira, de 17 anos, o centro foi essencial não só para desenvolver novas habilidades, mas para descobrir vocações antes desconhecidas. Diagnosticado com altas habilidades em matemática, ele acabou se encantando pela música no Ceam.
“Fui avaliado em matemática, mas aqui descobri minha facilidade com música. Comecei a aprender vários instrumentos e me identifiquei completamente. O Ceam nos dá essa base e esse estímulo para descobrir talentos que, às vezes, nem sabíamos que tínhamos”, relata João.
Outra estudante que brilha no centro é Miah Yassumoto Palácios, de apenas 10 anos. Ela foi indicada pela direção da escola onde estudava após se destacar no Kumon e teve seu QI medido em 121 durante a avaliação no Ceam. Há três anos no programa, Miah é apaixonada pelas atividades oferecidas.
“Eu adoro vir para cá! Minha aula favorita é química, porque a gente faz experimentos, e também gosto muito de música e artes. Mas onde eu ganho mais medalhas é na matemática, que é minha área de superdotação. Eu queria estudar só aqui”, conta a aluna, cheia de entusiasmo.
Desde sua criação, o Ceam/AHS tem acompanhado dezenas de estudantes que, após o diagnóstico e o acompanhamento especializado, passaram a se destacar ainda mais. Muitos deles conquistaram medalhas em olimpíadas do conhecimento, participaram de feiras científicas e se tornaram protagonistas em suas comunidades.
O centro se consolidou como um braço estratégico da Superintendência de Desenvolvimento da Educação Básica (Sudeb), dentro da política de educação inclusiva da SED/MS. A proposta é garantir que todos os estudantes, inclusive os com potencial elevado, tenham acesso a um ambiente educativo que respeite suas particularidades e estimule suas habilidades ao máximo.
A existência do Ceam/AHS mostra que, além de investir na base da educação, Mato Grosso do Sul está atento a um público muitas vezes negligenciado: o dos estudantes superdotados. O centro rompe com a ideia de que a inclusão se limita a atender deficiências e mostra que também é preciso acolher e desenvolver talentos fora da curva.
“É uma pauta positiva que precisa ser reconhecida e valorizada. O atendimento especializado muda vidas, promove a equidade e prepara nossas crianças e adolescentes para um futuro de protagonismo. É inclusão com foco em excelência”, afirma um dos coordenadores do programa.
