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INTERNACIONAL

Nobel da Paz María Corina Machado sofre fratura vertebral após fuga da Venezuela

Líder oposicionista chegou à Noruega em operação arriscada; acidente ocorreu em mar agitado durante fuga

15 dezembro 2025 - 13h40Redação O Estado de S. Paulo
María Corina Machado aparece em Oslo após operação de fuga da Venezuela, apesar de fratura vertebral
María Corina Machado aparece em Oslo após operação de fuga da Venezuela, apesar de fratura vertebral - (Foto: Divulgação)

A líder da oposição venezuelana María Corina Machado, vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, sofreu uma fratura vertebral após deixar a Venezuela na semana passada, informou sua portavoz nesta segundafeira (15). A lesão foi diagnosticada no hospital universitário Ullevål, em Oslo, para onde ela viajou para receber a honraria.

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Segundo o jornal norueguês Aftenposten, a fratura ocorreu enquanto Machado estava sendo transportada em um pequeno barco de pesca em alto mar, em condições adversas, após sua saída clandestina do país governado por Nicolás Maduro. A portavoz Claudia Macero afirmou que, além do que foi publicado no artigo, não serão divulgadas outras informações por enquanto.

Machado, de 58 anos, chegou à capital norueguesa na madrugada de quintafeira, tarde demais para participar da cerimônia de entrega do Nobel — que foi recebida por sua filha, Ana Corina Sosa. Em sua primeira aparição pública em Oslo, a opositora sequer deixou que a fratura a impedisse de cumprimentar apoiadores, mesmo com sinais claros de dor.

A saída de María Corina da Venezuela aconteceu em circunstâncias envoltas em segredo e risco. Segundo relatos à imprensa internacional — sobretudo do jornal The Wall Street Journal e da emissora CBS News — a operação de fuga foi apelidada de "Dinamite Dourada" e teve participação do exsoldado americano Bryan Stern, fundador de uma empresa especializada em resgates de áreas de conflito.

De acordo com Stern, Machado deixou Caracas disfarçada e com peruca, seguindo rumo a uma praia no norte do país. A embarcação originalmente prevista para a fuga — um barco de pesca velho, escolhido para não levantar suspeitas — apresentou falha mecânica e atrasou a operação em cerca de 12 horas. Após ser transferida para outro barco em mar agitado, a comitiva conseguiu chegar à ilha de Curaçao, de onde Machado embarcou em um avião particular com escala nos Estados Unidos antes de seguir para Oslo.

Stern descreveu as condições difíceis no mar: ondas de até três metros, frio e risco constante. Apesar disso, ele afirmou que a situação, do ponto de vista de radar militar, tornavase “ideais” para evitar detecção. Questionado se houve apoio direto do governo americano na operação, ele negou, afirmando que a missão foi custeada por doadores privados, embora tenha mantido contato com setores das Forças Armadas e serviços de inteligência dos EUA para garantir que o barco não fosse confundido com embarcações suspeitas no contexto de operações antidrogas na região.

Machado viveu dois anos em exílio e só reencontrou sua família após a fuga. Em post nas redes sociais, ela agradeceu a quem ajudou na operação e ressaltou o significado do Nobel para o povo venezuelano: “Quantas pessoas arriscaram suas vidas para que eu pudesse chegar a Oslo. Sou muito grata a elas.”

Apesar de ter afirmado em entrevistas que sentiu “que sua vida corria risco real”, a líder oposicionista reforçou o seu compromisso com o povo venezuelano e o desejo de um retorno ao país, apesar de conselhos contrários das pessoas que a ajudaram na fuga. Stern declarou à CBS que sua organização “nunca fez infiltração, apenas exfiltração”, indicando que novos resgates de mesmo tipo não são uma opção fácil.

María Corina Machado esteve escondida desde janeiro de 2025 por perseguição política dentro da Venezuela. Ela foi impedida de concorrer nas eleições presidenciais de 2024, vencidas por Nicolás Maduro, apesar de forte contestação internacional sobre a lisura do pleito.

A sua extração do país foi considerada uma operação de alto risco e alto impacto político. Stern chegou a comparar a movimentação de Machado, em termos de notoriedade, a mover “Hillary Clinton”, em referência à alta visibilidade da líder venezuelana.

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