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05 de dezembro de 2025 - 18h17
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JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS

Universidade entrega diploma póstumo a estudante morto por policial militar em SP

Marco Aurélio Cardenas, aluno de Medicina, foi homenageado pela Anhembi-Morumbi durante colação de grau; PM responde por homicídio doloso

5 dezembro 2025 - 17h20Redação O Estado de S. Paulo
Pais de Marco Aurélio recebem diploma póstumo do filho em cerimônia de formatura em São Paulo.
Pais de Marco Aurélio recebem diploma póstumo do filho em cerimônia de formatura em São Paulo. - Foto: Reprodução

A Universidade Anhembi-Morumbi entregou um diploma póstumo ao estudante de Medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, morto por um policial militar em novembro de 2024. A homenagem ocorreu durante a cerimônia de colação de grau da turma, na última sexta-feira (28), no edifício Bunkyo, no centro de São Paulo.

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Com aplausos e emoção, os pais do estudante, Julio Cesar Acosta Navarro e Silvia Cárdenas Prado — ambos médicos — subiram ao palco para receber o diploma do filho. O gesto foi uma forma simbólica de reconhecer a trajetória interrompida de Marco Aurélio, que estava prestes a se formar em Medicina.

Morte após abordagem policial - Marco Aurélio foi morto na madrugada de 20 de novembro de 2024, na porta de um hotel na Vila Mariana, zona sul da capital paulista. Ele foi baleado na barriga pelo policial militar Guilherme Augusto Macedo, que estava em ronda com outro PM, Bruno Carvalho do Prado.

Segundo o inquérito, o estudante caminhava sem camisa pela rua e, ao passar pela viatura, teria dado um tapa no retrovisor do veículo. Os policiais iniciaram perseguição e Marco Aurélio tentou entrar no hotel onde estava hospedado com uma mulher. No entanto, a entrada estava trancada naquele momento, o que resultou no seu encurralamento pelos agentes.

Imagens das câmeras corporais dos policiais, incluídas no relatório do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mostram o jovem pedindo: “Tira a mão de mim! Tira a mão de mim!”, repetidamente, antes de ser atingido pelo disparo. Ele estava desarmado.

Uso da força considerado ilegítimo - No relatório final da investigação, o delegado Gabriel Tadeu Brienza Vieira concluiu que o uso da arma de fogo “não se mostrou legítimo”, já que a vítima não apresentava ameaça à integridade física dos policiais ou de terceiros.

A Promotoria denunciou os dois policiais por homicídio doloso — quando há intenção de matar. A juíza Luciana Menezes Scorza, da 4ª Vara do Júri de São Paulo, acolheu a denúncia, o que dá início ao processo judicial. No entanto, ela negou o pedido de prisão preventiva contra Macedo, alegando ausência de risco à ordem pública.

Embora indiciado, Macedo permanece na Polícia Militar, exercendo funções administrativas. A juíza determinou medidas cautelares como: proibição de contato com os familiares da vítima, comparecimento mensal à Justiça, atualização de endereço, proibição de sair da comarca por mais de oito dias e de frequentar bares e festas.

Segundo a magistrada, não há indícios de que a liberdade do acusado represente risco de reincidência ou ameaça à ordem pública, especialmente porque ele não está mais atuando em operações de rua.

Defesa contesta acusação - O advogado dos policiais, João Carlos Campanini, afirmou que irá trabalhar para comprovar a legalidade da ação dos PMs. Enquanto aguardam o andamento do processo, Macedo e Prado continuam em atividade na corporação.

A entrega do diploma póstumo a Marco Aurélio representa não apenas uma homenagem ao jovem, mas também um momento de reflexão sobre o uso da força policial, o racismo estrutural e os desafios da segurança pública no Brasil. O caso mobiliza a sociedade por justiça e reacende debates sobre o comportamento das forças de segurança em abordagens contra civis desarmados.

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