A entrevista foi concedida para o programa Giro Estadual de Notícias, direto da Central de Jornalismo do Grupo Feitosa de Comunicação e transmitida para dezenas de emissoras em todo o Mato Grosso do Sul. A ginecologista e obstetra Maitê Soares falou por quase 20 minutos sobre dores menstruais, anticoncepcionais, ciclo irregular e outros temas que afetam milhares de mulheres todos os meses.
“Sentir dor não é normal. Se você sente cólica todo mês, alguma coisa está errada”, disse a médica, com firmeza. Para ela, existe uma naturalização perigosa da dor entre mulheres, o que atrasa diagnósticos de doenças como endometriose e mioma. “Tem paciente que diz que sente dor desde sempre, então acha que é normal. Mas não é”, reforçou.
Segundo Maitê, o ciclo menstrual responde a tudo: estresse, sono ruim, alimentação, ansiedade. “Culturalmente, está todo mundo mais corrido, mais desgastado. Isso mexe com o corpo da mulher. E às vezes a gente tenta tratar com remédio, mas esquece de olhar para a rotina.”
Ginecologista Maitê Soares alerta para normalização da dor menstrual e defende diagnóstico mais atento de doenças como endometrioseO problema, alerta ela, é que muitos profissionais ainda tratam os sintomas sem buscar as causas. “Irregularidade menstrual é comum hoje. Mas não dá pra simplesmente dar hormônio e pronto. Tem que entender o que está por trás: pode ser estresse, alteração metabólica, até alguma questão estrutural.”
Sobre o uso de anticoncepcionais para interromper a menstruação, Maitê foi direta. “Não menstruar, quando é uma escolha feita com acompanhamento médico, não é problema. Em alguns casos, como endometriose, a gente até recomenda que a paciente não menstrue.”
Ela usou uma comparação inusitada para explicar. “É como um jardim: se não tem graminha pra cortar, tá tudo certo. O útero está bem, sem acúmulo de sangue. Aquela história de que a menstruação é uma limpeza do corpo é mito.”
Maitê também falou da dificuldade de diagnóstico da endometriose. “É uma doença comum, mas que muita gente descobre tarde. Primeiro, porque a mulher se acostuma com a dor. Segundo, porque os exames são caros e nem sempre acessíveis. E terceiro, porque nem todo mundo sabe laudar esses exames.”
A ginecologista e obstetra Maitê Soares Ela explicou que o diagnóstico exige exames como ultrassom com mapeamento e ressonância magnética, além de um olhar clínico atento. “A gente precisa olhar caso a caso. Cada mulher tem um corpo, uma história. Comparar com a mãe ou com a amiga nem sempre ajuda.”
Questionada sobre a escolha entre parto normal e cesárea, Maitê defendeu o respeito às decisões da paciente. “Não existe melhor para todo mundo. Existe melhor para você. Mas não dá pra ignorar que o parto vaginal tem muitos benefícios.” Ela explicou que o Brasil permite essa escolha, mas reforçou que o ideal é que a paciente esteja bem informada. “O corpo é dela. O bebê é dela. Ela precisa entender o que vão fazer com ela.”
No fim da entrevista, Maitê fez um convite. Seu novo consultório, em Campo Grande, está aberto para atendimentos. “É um espaço pensado com carinho. Atendo mulheres em todas as fases, inclusive com foco em endometriose e cirurgias minimamente invasivas.”
Arte resume principais alertas da ginecologista Maitê Soares sobre dor menstrual, saúde do ciclo e importância do diagnóstico corretoSERVIÇO - Dra. Maytê Soares
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