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05 de dezembro de 2025 - 14h34
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INTERNACIONAL

Maduro fala em 'portunhol' e pede apoio do povo brasileiro em meio a tensão com os EUA

Durante programa ao vivo na TV estatal, ditador da Venezuela cita o Brasil e critica ofensiva militar americana na região do Caribe

5 dezembro 2025 - 13h20Redação
Nicolás Maduro durante transmissão na TV estatal da Venezuela, em que pediu apoio do povo brasileiro contra ações dos Estados Unidos.
Nicolás Maduro durante transmissão na TV estatal da Venezuela, em que pediu apoio do povo brasileiro contra ações dos Estados Unidos. - (Foto: Marcelo Camargo/ABrasil)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um apelo ao povo brasileiro nesta quinta-feira (4), durante uma transmissão ao vivo na TV estatal venezuelana. Em um discurso marcado por frases em “portunhol”, o líder chavista convocou brasileiros às ruas em apoio ao seu país, que enfrenta uma escalada de tensão com os Estados Unidos.

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“Povo do Brasil, às ruas para apoiar a Venezuela em sua luta pela paz e pela soberania. Eu falo para vocês toda a verdade: temos direito à paz com soberania. Que viva o Brasil”, declarou Maduro, ao receber um boné do Movimento dos Sem Terra (MST) durante o programa. Ele também exclamou: “A vitória nos pertence. Viva a unidade do povo do Brasil, viva a unidade com o povo venezuelano.”

A menção ao Brasil ocorreu em meio a uma série de movimentações do governo americano na América Latina, que acirram a crise diplomática com o regime chavista. O governo venezuelano acusa os Estados Unidos de conduzirem uma campanha para desestabilizar o país e derrubar Maduro, supostamente de olho no petróleo venezuelano.

Escalada militar e acusações graves - Nos últimos meses, Washington intensificou ações militares nas proximidades da Venezuela. Segundo informações divulgadas pela Casa Branca, a marinha americana tem interceptado embarcações no Caribe e no Pacífico sob a justificativa de combate ao narcotráfico. Autoridades dos EUA também têm alertado companhias aéreas internacionais para evitar o espaço aéreo venezuelano, citando riscos à segurança.

A ofensiva inclui ainda a movimentação do USS Gerald Ford — o maior porta-aviões do mundo — para águas internacionais próximas à costa venezuelana. A CIA (Agência Central de Inteligência) também teria sido autorizada a operar secretamente dentro do território venezuelano.

Em resposta, Maduro reforçou o esquema de segurança ao seu redor e passou a intensificar discursos em defesa da paz e da soberania nacional. “Não queremos uma paz de escravos”, afirmou recentemente. Em outra ocasião, chegou a cantar “Imagine”, de John Lennon, como gesto simbólico de apelo à paz, enquanto dançava com universitários simpatizantes do governo.

As acusações dos Estados Unidos contra Maduro não são novas. Ainda durante o governo Trump, o Departamento de Justiça americano acusou formalmente o presidente venezuelano de chefiar uma organização criminosa conhecida como “Cartel de los Soles”, supostamente envolvida em tráfico internacional de drogas. O regime venezuelano nega as acusações e diz que se trata de uma tentativa de justificar uma intervenção externa.

Tentativas de negociação e mediação brasileira - Em novembro, os dois líderes chegaram a manter uma conversa por telefone, segundo fontes diplomáticas. No mesmo período, o empresário brasileiro Joesley Batista, da J&F, esteve na Venezuela em uma visita não oficial. A viagem teria como objetivo abrir caminho para uma possível saída negociada da crise, incluindo a possibilidade de renúncia de Maduro.

Apesar das especulações, o governo venezuelano não confirmou qualquer negociação nesse sentido. Maduro segue reforçando a narrativa de que há uma conspiração externa para tomar os recursos naturais do país. Ao citar o Brasil e convocar seu povo a apoiar a Venezuela, o ditador busca, segundo analistas internacionais, ampliar o discurso de solidariedade latino-americana diante do cerco diplomático e militar imposto pelos Estados Unidos.

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