
O governo da Venezuela anunciou nesta segunda-feira, 25, o envio de 15 mil soldados e policiais para a fronteira com a Colômbia, em uma operação voltada ao combate ao tráfico de drogas. A ordem foi dada pelo ministro do Interior, Diosdado Cabello, apontado pelos Estados Unidos como integrante do chamado Cartel dos Sóis, grupo que Washington afirma envolver militares venezuelanos no narcotráfico.

Os EUA oferecem US$ 50 milhões por informações que levem à captura do presidente Nicolás Maduro e US$ 25 milhões por Cabello. Nos últimos dias, três destróieres americanos foram deslocados para águas internacionais próximas à costa venezuelana, em uma operação também justificada como combate ao tráfico. As embarcações retornaram devido ao furacão Erin, mas devem ser reenviadas em breve. Maduro, por sua vez, denunciou a medida como uma “ameaça”.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, rebateu as acusações americanas e defendeu o governo venezuelano. “O Cartel dos Sóis não existe, é a desculpa da extrema direita para derrubar governos que não lhes obedecem. Quem controla a passagem da cocaína colombiana pela Venezuela é a Junta do Narcotráfico, e seus chefes vivem na Europa e no Oriente Médio”, declarou.
Especialistas afirmam que o envolvimento de militares venezuelanos com o narcotráfico remonta à era de Hugo Chávez, após a tentativa de golpe em 2002. À época, Caracas militarizou a fronteira com a Colômbia para impedir suposta ofensiva de Bogotá e Washington. A pressão militar colombiana sobre guerrilhas como Farc e ELN levou os grupos a operar em território venezuelano, onde passaram a se relacionar com militares locais.
Inicialmente, os oficiais facilitavam a passagem da droga em troca de subornos. Mais tarde, assumiram parte da logística, originando o suposto Cartel dos Sóis — referência às insígnias usadas por generais venezuelanos.
O chavismo sempre negou o envolvimento. “O narcotráfico não está ligado a nós”, afirmou Cabello ontem, acusando a oposição de conluio com traficantes. No entanto, os EUA dizem ter evidências da participação de militares no esquema.
Em 2010, o narcotraficante Walid Makled, preso na Colômbia e extraditado para a Venezuela, declarou ter em sua folha de pagamento 40 generais e altos funcionários chavistas. Ele apresentou documentos que mostrariam pagamentos a ministros e militares em troca de proteção para o transporte de drogas.
As denúncias reforçam a pressão internacional sobre Caracas, em um momento em que o país intensifica operações militares na fronteira.
