O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quinta-feira (16) que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump devem se reunir nos próximos meses, em mais um passo para a retomada do diálogo entre Brasil e Estados Unidos. A confirmação veio após uma reunião com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em Washington.
Segundo o chanceler, ainda não há data ou local definidos para o encontro, mas há “interesse mútuo” para que ele ocorra o quanto antes. “Está mantido o objetivo de que os líderes se reúnam proximamente”, disse Vieira a jornalistas.
A possibilidade de reunião entre Lula e Trump surge no contexto da reaproximação diplomática entre os dois países, iniciada após meses de tensão provocada por medidas comerciais e sanções adotadas pelos EUA contra o Brasil.
Reunião em Washington - O encontro entre Mauro Vieira e Marco Rubio durou cerca de uma hora e ocorreu em clima que o chanceler classificou como “produtivo e descontraído”. A pauta central foi a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, decretadas pelo governo dos EUA em agosto. A medida foi justificada por Washington como resposta à “politização” do Judiciário brasileiro, com críticas diretas à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A reunião teve duas etapas: uma conversa privada entre os ministros e, depois, um encontro com equipes técnicas dos dois países. Segundo Vieira, os grupos devem começar a negociar formas de reverter as tarifas “em breve”.
“O encontro foi muito produtivo, com disposição para trabalhar em conjunto e traçar uma agenda bilateral de comércio”, declarou o ministro.
Diálogo retomado após meses de tensão - As relações entre Brasil e Estados Unidos enfrentaram forte desgaste desde o início de 2025, quando Trump reassumiu a Presidência dos EUA. Além das tarifas, Washington impôs sanções financeiras e consulares contra autoridades brasileiras, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes.
As ações foram vistas pelo governo brasileiro como retaliação política. A tensão diplomática se intensificou, afastando os dois países de uma cooperação mais ampla em temas comerciais e estratégicos.
A reunião desta semana entre Vieira e Rubio é o primeiro contato formal de alto nível desde a posse de Trump. O gesto sinaliza um novo momento de aproximação, iniciado com a breve conversa entre Lula e Trump durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro, em Nova York.
Encontro entre Lula e Trump em negociação - Inicialmente, havia a expectativa de que Lula e Trump pudessem se encontrar ainda em outubro, durante a Cúpula da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), na Malásia. No entanto, de acordo com Mauro Vieira, o encontro depende agora da compatibilização das agendas dos dois presidentes.
O Itamaraty informou que Vieira e Rubio devem manter contato direto nas próximas semanas para alinhar a agenda técnica e diplomática, com foco em uma negociação ampla que trate das tarifas e de possíveis parcerias comerciais entre os países.
“O importante é que prevaleceu uma atitude construtiva. Há boa química entre os governos, e o diálogo está aberto”, afirmou o chanceler.
