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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revelou nesta quarta-feira (13) que enviou uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, convidando-o para participar da COP-30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA). O gesto diplomático, no entanto, veio acompanhado de críticas contundentes à condução política do governo norte-americano.

Segundo Lula, a COP-30 será uma oportunidade para pressionar líderes mundiais a assumirem posicionamentos claros sobre as mudanças climáticas.
“Vai ser a 'COP da verdade'. Queremos cobrar dos governantes do mundo se eles acreditam ou não no que os cientistas falam. Que o mundo está passando por um gravíssimo problema", afirmou o presidente.
"Vão ter que dizer se acreditam ou não se teremos que tomar providências para que a temperatura no mundo aumente até 1,5°C", acrescentou.
Apesar do convite, Lula fez críticas diretas ao governo Trump, principalmente em relação ao que chamou de "tarifaço" imposto aos produtos brasileiros e às sanções diplomáticas aplicadas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O presidente brasileiro também lamentou a falta de diálogo com a Casa Branca.
“Não é correto, não é justo e não é honesto. Nunca pedi para o presidente de outro país gostar de mim ou não... Só quero que ele me respeite como presidente do meu País", declarou.
"Estamos tentando negociar e não tem ninguém para conversar."
Lula disse ainda que pretende conversar, ainda nesta semana, com líderes de países como África do Sul, Alemanha, França e México. A ideia é articular uma resposta conjunta às medidas adotadas por Trump e coordenar uma posição internacional mais firme diante do contexto político global.
A realização da COP-30 no Brasil, especialmente na cidade de Belém, vem sendo cercada por preocupações. Um dos principais desafios é a crise provocada pela alta dos preços de hospedagem e infraestrutura na capital paraense, o que pode limitar a presença de delegações de países em desenvolvimento e pequenas ilhas — justamente os mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.
A ausência dessas nações poderia comprometer o equilíbrio das negociações internacionais, enfraquecendo o alcance das metas climáticas e reduzindo a representatividade do encontro.
Além disso, o cenário geopolítico atual traz tensões que vão além da crise climática. A guerra em curso na Europa, as tarifas comerciais impostas por grandes economias e a retomada de políticas protecionistas por parte dos Estados Unidos contribuem para um ambiente de instabilidade. A volta de Trump à presidência norte-americana também resgata a memória da saída dos EUA do Acordo de Paris em 2017 — tratado que completa dez anos em 2025 e cuja permanência dos EUA é vista como vital para o futuro da política climática global.
Com a COP-30, o governo brasileiro busca ocupar um papel de destaque no debate internacional sobre mudanças climáticas. Lula tem feito do discurso ambiental uma das vitrines de sua diplomacia, tentando reposicionar o Brasil como um ator estratégico no combate à crise climática.
No entanto, os obstáculos internos e externos dificultam esse movimento. Internamente, o governo precisa lidar com questões logísticas e econômicas para garantir uma COP inclusiva e acessível. Externamente, enfrenta um ambiente internacional fragmentado, com lideranças mais voltadas para interesses domésticos e menos inclinadas à cooperação multilateral.
Mesmo assim, o presidente brasileiro insiste que a conferência em Belém deve ser marcada por cobranças firmes e compromissos reais.
“Queremos saber se os líderes vão assumir a responsabilidade com as futuras gerações ou continuar empurrando o problema”, reforçou Lula.
