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Especial

Lúdio Coelho deixa um legado de simplicidade

Ludio Coelho faleceu na última semana
Ludio Coelho faleceu na última semana

Mato Grosso do Sul perdeu nesta semana um dos personagens que ajudaram na construção de sua história, deixando um legado de honradez e coerência como homem público e de empresário bem-sucedido. Lúdio Martins Coelho morreu no início da tarde da última terça-feira aos 88 anos.

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O ex-senador e ex-prefeito de Campo Grande estava internado desde 17 de março no Hospital Proncor, na Capital, por conta de problemas cardíacos e de um quadro de diabetes - que se agravaram e causaram paralisia dos rins, pulmões e coração.

“Seo Lúdio”, como ficou conhecido, era visto como uma figura simples e direta. Mesmo com saúde debilitada, nas suas últimas entrevistas, preservava o sorriso no rosto e a fala tranquila. Construiu substituir ao longo da sua carreira política a imagem do fazendeiro e latifundiário pela figura de um homem bonachão, firme nas suas convicções, mas sensível as necessidades dos mais carentes, sem apelar para a demagogia e o populismo barato. Seu chapéu era uma indumentária quase obrigatória de Lúdio Coelho -, que tornava impossível não reconhecê-lo .

Na gestão pública, adotou a política de execução de investimentos apenas com a garantia de recursos em caixa, o que não significou a ausência de investimentos. Lúdio deflagrou ações como o asfaltamento de bairros como o Aero Rancho e as Moreninhas - duas das maiores regiões de Campo Grande.

Coube ao ex-prefeito, também, implementar o SIT (Sistema Integrado de Transportes), alicerçado em ônibus que circulavam entre terminais de transbordo e linhas expressas. Regularizou e urbanizou várias favelas, como a Comunidade Dona Neta e o “Corredor” da Nova Lima. Na área da infraestrutura trouxe para Campo Grande a experiência da canalização em sistema de gabião no Córrego Prosa; iniciou o grande anel rodoviário e o prolongamento da Avenida Guaicurus e duplicação da Avenida Marechal Deodoro, saída para Sidrolândia.

De Rio Brilhante para a política - Lúdio Coelho nasceu na fazenda Bela Vista, em Rio Brilhante, em 22 de setembro de 1922. Filho de Laucídio de Souza Coelho e de Lúcia Martins Coelho, teve envolvimento desde cedo com o agronegócio. Coube a Lúdio gerenciar o Condomínio LS, com mais de 100 anos e que levava o nome de seu pai, além de administrar a marca LC - por ele criada. Lúdio participou da instalação do primeiro frigorífico do Estado, sendo pioneiro nas atividades de reflorestamento e integração agricultura-pecuária. Ele também foi vice-presidente da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu). Lúdio ainda presidiu do Banco Agrícola de Dourados, além de ter sido superintendente do Banco Financial.

Ele foi prefeito de Campo Grande em duas oportunidades: entre 1983 e 1985 ocupou o cargo pelo PMDB, e de 1989 a 1992 pelo PTB. Também disputou o governo do Estado em duas ocasiões, sendo derrotado por Pedro Pedrossian e Marcelo Miranda. Três anos depois de deixar a prefeitura da Capital foi eleito senador por MS, período em que ocupou a vice-liderança do PSDB no Senado. Ele também presidiu a legenda no Estado. Ao encerrar o mandato no Congresso, aos 80 anos, Lúdio anunciou sua aposentadoria da vida pública, assumindo a presidência de honra do PSDB sul-mato-grossense. Desde então, suas inserções no meio político foram raras, embora ainda fosse visto com frequência em eventos do setor rural. Desde 2009, quando foi internado por problemas de saúde, suas aparições se tornaram mais raras.
Políticos enaltecem trajetória do ex-prefeito - n Exemplo de vida e de homem público e “unanimidade” são apenas alguns adjetivos atribuídos a Lúdio Coelho por pessoas que conviveram com o ex-senador e ex-prefeito.Presidente da Acrissul, Francisco Maia lamentou o falecimento de Lúdio em nome da classe produtora. “Perdemos uma referência de homem de bem, digno, um humanista de grande sensibilidade e um incansável trabalhador”. “Talvez tenhamos perdido a única unanimidade em nossa classe política”, emendou. Maia, que foi vereador, presidente da Câmara e vice-prefeito, durante algum tempo era apontado como candidato natural a herdeiro político de Lúdio.

“Lúdio foi um homem honrado, brilhante, que cumpriu uma missão em Mato Grosso do Sul como exemplo de homem público”, afirmou o presidente regional do PSDB, deputado federal Reinaldo Azambuja. “Ele será sempre um exemplo a ser seguido para quem quiser fazer a boa política, de forma seria e honrada”, prosseguiu.

Para a senadora Marisa Serrano, a morte de Lúdio foi uma perda muito grande. “Como presidente de honra do partido, ele levou o PSDB a ser o que é”, afirmou. “Lúdio Coelho foi um grande homem público e uma pessoa simples, que entrou para a história de nossa gente”, destacou Marisa.

Da tribuna do Senado, Delcídio do Amaral (PT) anunciou o falecimento de Lúdio. . “É um momento triste para os sul-mato-grossenses e para muitos aqui do Senado, que conviveram com o senador Lúdio Coelho e apresentaram admira-lo, não apenas pelo trabalho e pela folha de serviços prestados, mas pelo ser humano que era nosso querido Lúdio Coelho”, discursou o petista. O presidente do Congresso Nacional, José Sarney, por sua vez, afirmou ter “profunda admiração” pela trajetória política de Lúdio, a quem se referiu como “um grande político e um grande brasileiro”.
As qualidades de Lúdio como homem público e empresário foi destacada também pelo governador André Puccinelli e pelo ex-governador Wilson Barbosa Martins, com quem teve uma longa militância desde os tempos da UDN (União Democrática Nacional). Em homenagem ao ex-senador, o governador e o prefeito da Capital, Nelson Trad Filho, decretaram luto oficial por três dias.
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