
Líderes extremistas e colonos judeus se reuniram no Parlamento de Israel na terça-feira, 22, para discutir um plano que propõe a expulsão de palestinos da Faixa de Gaza e sua transformação em um território exclusivo para israelenses, com 850 mil novas unidades habitacionais e infraestrutura de alta tecnologia, como um sistema de metrô moderno. A proposta, que remete a uma ideia do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, foi detalhada nesta quinta-feira, 24, pelo The Guardian, que teve acesso ao projeto.

A proposta, que preveem uma “expulsão voluntária” dos palestinos, visa a construção de um novo espaço habitacional para israelenses e a implementação de um sistema de transporte moderno. A inspiração vem da sugestão de Trump, feita em fevereiro, que visava transformar Gaza em um "paraíso de luxo" e alta tecnologia, apelidando a região de "Riviera do Oriente Médio". O projeto declara que o direito de Israel de estabelecer-se e controlar a região é uma "obrigação nacional e de segurança".
O plano, porém, é amplamente rejeitado pelos palestinos, que lutam pela criação de um Estado Palestino. A principal dificuldade para Israel envolve a situação dos 2 milhões de palestinos que vivem em Gaza. Daniella Weiss, líder dos colonos, afirmou ao jornal britânico que os palestinos seriam realocados para outros países, como o Egito e outras nações africanas, sem especificar quais.
Weiss também mencionou que há uma lista de 1.000 famílias israelenses interessadas em se mudar para Gaza e declarou sua intenção de transformar o território em um "paraíso", comparando-o à cidade de Cingapura.
Apesar das declarações de Weiss, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, nega a intenção de anexar Gaza. No entanto, seu ministro da Defesa, Israel Katz, sugeriu a construção de uma "cidade humanitária" no sul de Gaza, onde mais de 600 mil palestinos seriam confinados e autorizados a sair apenas para outros países.
Especialistas internacionais condenaram a proposta, classificando-a como um exemplo de limpeza étnica e um possível crime contra a humanidade. O próprio Exército israelense rejeitou a ideia, afirmando que ela colocaria em risco a segurança de Israel. Ativistas de direitos humanos argumentaram que a expulsão dos palestinos, mesmo que “voluntária”, poderia ser considerada um deslocamento forçado e um crime de guerra.
Janina Dill, pesquisadora da Universidade de Oxford, afirmou que, quando uma força de ocupação cria condições coercitivas, como a retenção de alimentos, forçando a população a se deslocar, isso pode ser considerado um crime de guerra.
