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Plano de colonos israelenses prevê expulsão de palestinos de Gaza

Proposta discutida no Parlamento de Israel envolve a "expulsão voluntária" de palestinos e a transformação do território em um polo tecnológico, gerando fortes críticas internacionais

24 julho 2025 - 21h45AP
Imagem mostra palestinos em uma rua na cidade de Jabalia, Faixa de Gaza, após entrega de ajuda humanitária. Colonos de Israel querem anexar território com expulsão de palestinos
Imagem mostra palestinos em uma rua na cidade de Jabalia, Faixa de Gaza, após entrega de ajuda humanitária. Colonos de Israel querem anexar território com expulsão de palestinos - (Foto: Eyad Baba/AFP)

Líderes extremistas e colonos judeus se reuniram no Parlamento de Israel na terça-feira, 22, para discutir um plano que propõe a expulsão de palestinos da Faixa de Gaza e sua transformação em um território exclusivo para israelenses, com 850 mil novas unidades habitacionais e infraestrutura de alta tecnologia, como um sistema de metrô moderno. A proposta, que remete a uma ideia do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, foi detalhada nesta quinta-feira, 24, pelo The Guardian, que teve acesso ao projeto.

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A proposta, que preveem uma “expulsão voluntária” dos palestinos, visa a construção de um novo espaço habitacional para israelenses e a implementação de um sistema de transporte moderno. A inspiração vem da sugestão de Trump, feita em fevereiro, que visava transformar Gaza em um "paraíso de luxo" e alta tecnologia, apelidando a região de "Riviera do Oriente Médio". O projeto declara que o direito de Israel de estabelecer-se e controlar a região é uma "obrigação nacional e de segurança".

O plano, porém, é amplamente rejeitado pelos palestinos, que lutam pela criação de um Estado Palestino. A principal dificuldade para Israel envolve a situação dos 2 milhões de palestinos que vivem em Gaza. Daniella Weiss, líder dos colonos, afirmou ao jornal britânico que os palestinos seriam realocados para outros países, como o Egito e outras nações africanas, sem especificar quais.

Weiss também mencionou que há uma lista de 1.000 famílias israelenses interessadas em se mudar para Gaza e declarou sua intenção de transformar o território em um "paraíso", comparando-o à cidade de Cingapura.

Apesar das declarações de Weiss, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, nega a intenção de anexar Gaza. No entanto, seu ministro da Defesa, Israel Katz, sugeriu a construção de uma "cidade humanitária" no sul de Gaza, onde mais de 600 mil palestinos seriam confinados e autorizados a sair apenas para outros países.

Especialistas internacionais condenaram a proposta, classificando-a como um exemplo de limpeza étnica e um possível crime contra a humanidade. O próprio Exército israelense rejeitou a ideia, afirmando que ela colocaria em risco a segurança de Israel. Ativistas de direitos humanos argumentaram que a expulsão dos palestinos, mesmo que “voluntária”, poderia ser considerada um deslocamento forçado e um crime de guerra.

Janina Dill, pesquisadora da Universidade de Oxford, afirmou que, quando uma força de ocupação cria condições coercitivas, como a retenção de alimentos, forçando a população a se deslocar, isso pode ser considerado um crime de guerra.

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