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Ladário, pequena e discreta aos olhos dos que passam apressados pelo Mato Grosso do Sul, completa nesta segunda-feira, 246 anos de uma história que se confunde com a própria formação da região oeste do Estado. Com apenas 21.522 habitantes, segundo o último censo do IBGE, a cidade se posiciona como uma testemunha silenciosa das transformações que o Pantanal e suas gentes vêm sofrendo ao longo dos séculos.

Fundada em 2 de setembro de 1778, Ladário surgiu não tanto por vontade própria, mas como uma necessidade estratégica. Foi João Leme do Prado, a mando de Luiz Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, administrador da então província de Mato Grosso, quem primeiro fincou raízes ali. Não era o paraíso tropical das propagandas turísticas, mas um ponto de apoio para que, apenas 19 dias depois, Corumbá pudesse também ganhar o seu lugar no mapa.
A pequena cidade que sobreviveu - Ao longo dos anos, Ladário viu Corumbá crescer e tomar o protagonismo na região, mas nunca deixou de ser a pequena cidade ribeirinha, com suas casas baixas, ruas tranquilas e um cotidiano que parece ter parado no tempo. Em 1953, Ladário finalmente conseguiu sua independência política, separando-se de Corumbá e realizando, no ano seguinte, suas primeiras eleições municipais.
Hoje, a economia da cidade ainda se apoia nas atividades tradicionais do Pantanal: pecuária, pesca, turismo e transporte fluvial. Mas, a cada ano que passa, a Ladário de outrora cede um pouco mais de espaço para o presente, onde o desafio de conciliar o desenvolvimento com a preservação ambiental se torna cada vez mais urgente.
Festividades que refletem a alma da cidade - As comemorações pelos 246 anos de Ladário começaram ontem, dia 1º de setembro. Na tarde de hoje, um desfile cívico-militar vai percorrer as ruas, relembrando os dias em que a presença militar era a marca da cidade – afinal, é aqui que está instalada a Base Naval de Ladário, uma das mais antigas do Brasil. À noite, shows sertanejos tentarão animar os moradores, numa cidade onde a diversão se mistura com a nostalgia de tempos passados.
Nos próximos dias, Ladário se dedicará à fé. Serão três noites de celebrações religiosas, começando com uma noite gospel na terça-feira (03), seguida por uma missa católica na quarta (04) e, para fechar, uma cerimônia de matriz africana na quinta (05). Essa diversidade de eventos religiosos não é um acaso; é o reflexo da convivência harmoniosa entre diferentes tradições que compõem o tecido social da cidade.
Na sexta-feira (06), o som das fanfarras vai ecoar pelas ruas, trazendo um pouco de vida para as calçadas quase sempre vazias. E no sábado, 7 de setembro, o aniversário de Ladário se mistura com as comemorações do Dia da Independência do Brasil. Outro desfile cívico-militar marcará a manhã, enquanto a noite promete mais shows e, talvez, uma oportunidade para os ladarenses refletirem sobre o futuro da cidade.
Um olhar para o futuro - Ladário, com seus 246 anos, é um lembrete vivo de que a história não é uma linha reta, mas um emaranhado de caminhos que se cruzam, se perdem e se encontram novamente. A cidade, que começou como um ponto estratégico no coração do Pantanal, hoje tenta manter seu equilíbrio entre o passado que a moldou e o futuro que se avizinha.
As celebrações de seu aniversário são mais do que uma simples festa; são um ritual de reafirmação de identidade. Em cada desfile, em cada música que toca, há um eco do que Ladário foi e do que ainda espera ser. E enquanto o mundo lá fora muda rapidamente, Ladário parece querer dizer, com sua celebração discreta e quase introspectiva: "Estamos aqui. Ainda estamos aqui."
