
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, afirmou neste domingo (21) que ainda guarda “boas lembranças” do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e disse estar disposto a retomar o diálogo com os norte-americanos — mas apenas se Washington abandonar a exigência de que Pyongyang entregue suas armas nucleares.

A declaração foi feita durante um discurso no parlamento norte-coreano, em Pyongyang, e divulgada nesta segunda-feira (22) pela imprensa estatal do país.
Apesar da sinalização aos EUA, Kim descartou qualquer possibilidade de reaproximação com a Coreia do Sul, que teve papel de mediadora nas negociações anteriores. Ele acusou Seul de agir como um “aliado hostil” e reforçou que a reunificação entre os dois países já não é mais um objetivo.
Kim foi enfático ao reafirmar que não pretende abrir mão do programa nuclear norte-coreano. “O mundo já sabe o que os Estados Unidos fazem com países que se desarmam. Nunca abriremos mão de nossas armas. Não há e não haverá qualquer negociação nesse sentido”, afirmou.
Segundo analistas internacionais, a Coreia do Norte vê suas armas nucleares como principal garantia de segurança e ferramenta de barganha com o Ocidente.
As declarações de Kim ganham destaque em meio à expectativa de um possível reencontro com Trump, que deve visitar a Coreia do Sul no próximo mês para a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico.
Os dois líderes se encontraram três vezes durante o governo do republicano, entre 2018 e 2019, mas as negociações fracassaram após divergências sobre o fim das sanções econômicas à Coreia do Norte.
“Não há motivo para não retomarmos o diálogo com os EUA, desde que deixem de lado essa obsessão com a desnuclearização”, disse Kim.
Nos últimos anos, Kim tem reforçado sua aliança com a Rússia e a China. Ele enviou armamentos e soldados para apoiar a guerra do presidente russo Vladimir Putin na Ucrânia e participou recentemente de um desfile militar em Pequim ao lado do presidente chinês Xi Jinping.
Essa aproximação com potências rivais dos EUA é vista como uma forma de aumentar sua influência em futuras negociações com o Ocidente.
O presidente sul-coreano, Lee Jae Myung, embarcou neste domingo para Nova York, onde participará da Assembleia Geral da ONU. Ele pretende abordar a crise nuclear na Península Coreana e pedir o retorno da Coreia do Norte às negociações diplomáticas.
Enquanto isso, cresce a preocupação em Seul de que o país esteja perdendo espaço nas tratativas internacionais, já que Kim demonstra preferência por tratar diretamente com Washington.
No ano passado, o líder norte-coreano ordenou uma reescrita da constituição para declarar a Coreia do Sul como “inimiga permanente”, encerrando oficialmente a política de buscar uma reunificação pacífica.
