
A Justiça da França determinou nesta segunda-feira (13) que o ex-presidente Nicolas Sarkozy, de 70 anos, seja preso a partir do dia 21 de outubro, após condenação por associação criminosa ligada ao suposto financiamento ilegal de sua campanha presidencial em 2007, com recursos do regime líbio de Muammar Kadafi.

A decisão marca um episódio histórico: Sarkozy será o primeiro ex-presidente da França moderna a cumprir pena em regime fechado. Ele deverá ser detido no presídio de La Santé, em Paris.
O caso remonta à sua primeira campanha presidencial, vencida em 2007, quando o Ministério Público francês afirma que houve tentativa de obter apoio financeiro do governo líbio em troca de favores diplomáticos. De acordo com o tribunal, Sarkozy não foi diretamente ligado ao recebimento dos valores, mas permitiu que seus aliados buscassem apoio financeiro junto ao regime de Kadafi.
O julgamento foi concluído no fim de setembro. Além de Sarkozy, os ex-ministros Claude Guéant e Brice Hortefeux foram considerados culpados por envolvimento na tentativa de captação ilegal de recursos.
Sarkozy nega todas as acusações e já recorreu da condenação, que considera “um escândalo”. Em sua defesa, ele afirmou que o processo tem motivação política e classificou as provas como “forjadas”. O ex-presidente também acusou o tribunal de se basear em testemunhos “de mentirosos e vigaristas” ligados ao extinto governo líbio.
Apesar do recurso, a Justiça determinou a prisão “sem demora”, justificando a decisão pela “gravidade do abalo à ordem pública causado pelo crime”.
Após ser detido, Sarkozy poderá entrar com novo pedido para responder em liberdade. Os juízes terão até dois meses para analisar o requerimento.
Essa não é a primeira vez que o ex-presidente enfrenta problemas com a Justiça. Em junho deste ano, ele perdeu sua medalha da Legião da Honra, maior condecoração da França, após uma condenação por corrupção e tráfico de influência, relacionada a uma tentativa de suborno a um juiz em 2014.
Além disso, Sarkozy já foi condenado a um ano de prisão por irregularidades no financiamento de sua campanha de 2012, quando tentava se reeleger. Ele também recorreu dessa sentença e aguarda julgamento.
Mesmo fora da vida política ativa, Sarkozy ainda exerce influência no cenário conservador francês e mantém interlocução com líderes da direita europeia. A prisão deve intensificar o debate interno sobre corrupção e responsabilidade entre altos cargos da política na França.
