
A Polícia Federal identificou indícios de acesso privilegiado a documentos decisórios e de influência externa em gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), como parte da Operação Sisamnes, que investiga um suposto esquema de venda de sentenças envolvendo lobistas, advogados e servidores da Corte.
Relatório de 426 páginas ao qual o Estadão teve acesso descreve o que seria uma “sofisticada rede de intermediários, operadores e servidores estratégicos”, responsável por transformar decisões judiciais em um verdadeiro “leilão”. As investigações mostram que documentos internos dos gabinetes eram acessados e compartilhados por lobistas, que negociavam votos antes mesmo da publicação oficial.
Os ministros Isabel Gallotti, Nancy Andrighi, Og Fernandes, Marco Aurélio Buzzi e Luís Felipe Salomão aparecem em diálogos analisados pela PF, mas não são alvos da investigação. As suspeitas recaem sobre servidores que atuaram nos gabinetes e teriam facilitado o acesso a minutas de decisões e informações sigilosas.
A PF baseia-se em trocas de mensagens entre os lobistas Andreson de Oliveira e Roberto Zampieri (advogado assassinado em 2023), que mencionam, com nomes, ministros do STJ e decisões que estariam “por conta de juíza amiga”. O acesso prévio a documentos que ainda não haviam sido publicados reforça a hipótese de manipulação judicial interna.
Entre os servidores sob investigação estão Daimler Alberto de Campos, Márcio José Toledo Pinto e Rodrigo Falcão, ligados a gabinetes dos ministros Gallotti e Og Fernandes. A defesa de Daimler afirmou que seu nome foi utilizado de forma indevida para simular influência. Os outros citados ainda não se manifestaram.
Segundo a PF, o grupo atuava especialmente em processos de falência de empresas do agronegócio, com elevado impacto econômico. As conversas analisadas indicam que decisões teriam sido “vendidas” e entregues previamente aos interessados, inclusive com menções diretas a valores pagos.
A investigação é conduzida sob sigilo no STF, sob relatoria do ministro Cristiano Zanin Martins, e pode levar à responsabilização penal dos envolvidos por corrupção, tráfico de influência e organização criminosa.
				
				
				
					
				
				
				
				
				
			

						