
Gerson de Melo Machado, conhecido como "Vaqueirinho de Mangabeira", morreu na manhã do último domingo (30) após ser atacado por uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, a Bica, em João Pessoa (PB). Segundo a prefeitura, o jovem escalou uma parede de seis metros, ultrapassou grades de segurança, subiu em uma árvore e invadiu o recinto dos leões.
Gerson tinha 19 anos, era esquizofrênico e apresentava sintomas psicóticos ativos, conforme laudos de perícias psiquiátricas determinadas pela Justiça. Um mês antes do incidente, havia sido determinada sua internação em hospital psiquiátrico, mas ele permanecia em liberdade. Ao longo da vida, acumulou 16 passagens por crimes de furto e dano, incluindo duas prisões na semana anterior ao ataque.
De acordo com a prefeitura, a invasão ocorreu de forma rápida, e as equipes de segurança não conseguiram impedir o acesso ao recinto. A perícia da Polícia Civil indica que o jovem agiu em possível ato de suicídio. Vídeos nas redes sociais mostram o momento em que ele entra pelo lado do recinto e é atacado pela leoa, chamada Leona.
A família de Gerson não assumiu a responsabilidade pelo cuidado do jovem. “Quando levamos o Vaqueirinho para a família, a avó disse que não tinha condições de ficar com ele. Ninguém da família queria”, relatou Edmilson Alves, diretor da Penitenciária do Róger.
Especialistas e funcionários que acompanharam Gerson durante a adolescência apontam que o jovem precisava de tratamento contínuo e adequado. “Vaqueirinho sem o devido tratamento, na rua, está aí o resultado. Infelizmente, via-se que o raciocínio dele era de uma criança de cinco anos”, afirmou Ivison Lira, chefe de disciplina do presídio.
O jovem teve acompanhamento pelo Conselho Tutelar do bairro Mangabeira dos 10 aos 18 anos, mas a rede de apoio foi considerada insuficiente. Janaia Demery, diretora do Caps Caminhar, destacou a dificuldade do jovem em aderir aos tratamentos psiquiátricos e lamentou o ocorrido.
Após o ataque, a leoa Leona foi avaliada pela equipe técnica do parque e segue saudável, recebendo cuidados contínuos. O Parque Arruda Câmara reforçou que não houve risco de eutanásia e que o animal permanecerá em monitoramento especializado.
O parque permanece fechado para visitação enquanto ocorrem investigações e procedimentos oficiais. A prefeitura e a administração da Bica prestaram solidariedade à família de Gerson e reforçaram que todas as normas de segurança foram seguidas.
