
Pelo menos 20 pessoas morreram e outras 80 ficaram feridas neste sábado (22) em decorrência de ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza, segundo informações de autoridades de saúde locais, divulgadas pela agência Reuters. Os bombardeios atingiram um veículo no bairro de Rimal, além de residências em Deir Al-Balah e no campo de refugiados de Nuseirat. As ações voltaram a elevar a tensão em meio ao frágil cessar-fogo estabelecido em outubro, após dois anos de conflito.
Em comunicado, o grupo palestino Hamas condenou os bombardeios e acusou Israel de “violações sistemáticas” do acordo firmado com mediação internacional. A organização exigiu que os mediadores, incluindo os Estados Unidos, tomem medidas urgentes para garantir o cumprimento dos termos da trégua. O Hamas também acusou Tel Aviv de alterar arbitrariamente as linhas de retirada em Gaza, em desacordo com os mapas previamente negociados.
Israel acusa quebra do pacto por parte do Hamas - Do lado israelense, as Forças Armadas justificaram a nova ofensiva afirmando que um homem armado usou uma rota humanitária para acessar áreas sob controle israelense — o que, segundo os militares, configura uma violação do acordo de cessar-fogo. O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reforçou o argumento, solicitando aos mediadores internacionais que exijam o cumprimento da trégua por parte do Hamas, incluindo a devolução dos reféns mortos e a conclusão do desarmamento prometido.
Em resposta, um representante do Hamas negou que qualquer integrante do grupo tenha violado a trégua e chamou a acusação de Israel de “desculpa para matar”. “Rejeitamos tentativas do governo Netanyahu de impor fatos consumados que contradizem o pacto”, disse o porta-voz, cobrando dos Estados Unidos uma postura mais firme para impedir que “o curso do acordo seja minado”.
Cessar-fogo ameaçado por trocas de acusações - O cessar-fogo em vigor desde 10 de outubro foi resultado de uma complexa negociação internacional com a participação do Egito, Catar e Estados Unidos, e permitiu o retorno de milhares de palestinos a áreas anteriormente evacuadas. No entanto, as acusações mútuas de descumprimento têm se intensificado nas últimas seis semanas, fragilizando a estabilidade do acordo.
Desde o início da trégua, ataques pontuais, trocas de tiros e movimentações militares em áreas sensíveis de Gaza têm sido relatados por ambos os lados. A recente escalada reacende os temores de uma retomada do conflito em grande escala, caso não haja avanço nas negociações.

