
Um ataque aéreo israelense matou, no domingo (10), cinco jornalistas da rede Al Jazeera na Faixa de Gaza, segundo informou a emissora nesta segunda-feira (11). Entre as vítimas está o palestino Anas Al-Sharif, considerado um dos repórteres mais influentes e experientes na cobertura do conflito no território.

O exército de Israel confirmou que o ataque tinha como alvo Al-Sharif. Segundo autoridades militares israelenses, ele seria membro da ala militar do Hamas desde 2013, informação baseada em documentos supostamente encontrados em Gaza.
Um porta-voz militar afirmou que o jornalista continuava afiliado ao Hamas no momento do ataque, mas não comentou sobre a morte das demais vítimas. A Al Jazeera não confirmou as acusações e reforçou que Al-Sharif atuava como repórter independente de afiliações políticas.
Em postagens recentes na rede X (antigo Twitter), Al-Sharif havia demonstrado preocupação com sua segurança. “Mais uma vez, o porta-voz do exército israelense lançou uma campanha de ameaças e incitação contra mim por causa do meu trabalho como jornalista na Al Jazeera. Reafirmo: Eu, Anas Al-Sharif, sou um jornalista sem afiliações políticas”, escreveu no mês passado.
O ataque acontece em meio à intensificação das operações militares de Israel na Faixa de Gaza, após os confrontos que se agravaram desde outubro de 2023. Organizações internacionais, incluindo entidades de defesa da liberdade de imprensa, têm reiterado apelos para que jornalistas e trabalhadores humanitários sejam protegidos em zonas de guerra, denunciando o número crescente de profissionais de imprensa mortos no conflito.
De acordo com dados recentes do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), mais de 100 profissionais de mídia já perderam a vida em Gaza desde o início da escalada atual, a maioria palestinos que atuavam na linha de frente.
A morte de Al-Sharif e de seus colegas gerou reações de organismos de imprensa e direitos humanos. A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) afirmou em comunicado que ataques contra profissionais de comunicação “representam graves violações do direito internacional humanitário” e pediu uma investigação independente sobre o caso.
A Al Jazeera, em nota oficial, classificou o ataque como “um crime brutal contra a imprensa” e disse que continuará a cumprir sua missão de informar “apesar das tentativas de silenciar jornalistas e sufocar a verdade”.
