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ORIENTE MÉDIO

Israel intercepta barco com ajuda humanitária para Gaza e detém 21 ativistas e jornalistas

Navio foi apreendido em águas internacionais com carga civil; entre os detidos há cidadãos de 10 países, incluindo jornalistas e defensores dos direitos humanos

27 julho 2025 - 13h45AP
Palestinos deslocados tentam pegar o que resta em uma panela de sopa de lentilha em um ponto de distribuição de alimentos na cidade de Gaza, no norte da Faixa de Gaza, em 25 de julho de 2025.
Palestinos deslocados tentam pegar o que resta em uma panela de sopa de lentilha em um ponto de distribuição de alimentos na cidade de Gaza, no norte da Faixa de Gaza, em 25 de julho de 2025. - Créditos: Omar AL-QATTAA / AFP

O Exército de Israel interceptou um barco com destino à Faixa de Gaza na noite deste sábado (26), apreendendo toda a carga humanitária e detendo 21 pessoas, entre ativistas internacionais e jornalistas. A ação ocorreu em águas internacionais, a cerca de 40 milhas náuticas da costa palestina, segundo informou neste domingo (27) a Coalizão Flotilha da Liberdade, grupo responsável pela embarcação.

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Batizado de Handala, o navio levava alimentos, medicamentos e fórmula infantil, com o objetivo de romper o bloqueio israelense imposto ao território palestino. De acordo com a coalizão, toda a carga era civil e não militar, destinada diretamente à população de Gaza, que enfrenta uma crise humanitária sem precedentes.

“Toda a carga era não militar, civil e destinada para distribuição direta a uma população enfrentando fome deliberada e colapso médico sob o bloqueio ilegal de Israel”, afirmou o grupo, em comunicado. Ainda segundo a nota, o exército israelense teria agido com violência, cortando as câmeras e os sistemas de comunicação da embarcação no momento da abordagem.

O Exército de Israel ainda não se manifestou oficialmente, mas o Ministério das Relações Exteriores do país confirmou, por meio de publicação na rede social X (antigo Twitter), que a Marinha havia interceptado o navio e o estava conduzindo até a costa israelense.

Crise humanitária em Gaza gera pressão internacional

A interceptação do Handala ocorre em meio a uma escalada nas críticas ao governo israelense por causa da grave situação humanitária em Gaza. Relatórios recentes apontam crescimento alarmante nos índices de desnutrição, especialmente entre crianças. As imagens de menores severamente desnutridos circularam pela mídia internacional nos últimos dias, aumentando a pressão sobre Israel, inclusive de aliados tradicionais, para que permita o fluxo contínuo de ajuda humanitária.

Em resposta às críticas, o governo israelense anunciou neste domingo que fará “pausas diárias” nos combates para permitir a entrada de suprimentos na região. No entanto, organizações humanitárias e grupos de direitos humanos afirmam que as ações são insuficientes frente à magnitude da crise.

Coalizão denuncia segunda interceptação em dois meses

Esta é a segunda vez em poucos meses que Israel intercepta um navio da Coalizão Flotilha da Liberdade. Em junho, o navio Madleen também foi impedido de chegar a Gaza. A bordo estavam 12 ativistas, incluindo a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila. Ambos foram detidos pelo exército israelense e posteriormente liberados.

O grupo Adalah, organização regional de direitos humanos, exigiu a libertação imediata dos 21 detidos nesta nova operação. Entre eles estão legisladores, advogados, veteranos de guerra e defensores dos direitos humanos de ao menos 10 países.

Segundo a coalizão, sete cidadãos americanos estavam a bordo do Handala, entre eles um advogado de direitos humanos, um veterano de guerra judeu-americano e uma ativista judia-americana. Os nomes dos detidos ainda não foram divulgados oficialmente.

Bloqueio a Gaza agrava crise desde outubro de 2023

O bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza se intensificou a partir de outubro de 2023, com o início da atual ofensiva militar contra o grupo Hamas. Desde então, a entrada de insumos básicos como alimentos, água, remédios e combustível tem sido limitada, provocando o colapso dos sistemas de saúde e abastecimento no território.

Especialistas em segurança alimentar alertam há meses para o risco iminente de fome em grande escala. A ONU e diversas agências internacionais classificam a situação em Gaza como “catastrófica”, com milhões de pessoas em necessidade urgente de ajuda humanitária.

A Coalizão Flotilha da Liberdade é uma iniciativa internacional formada por organizações da sociedade civil que promovem o envio de ajuda direta à Gaza, desafiando o bloqueio naval imposto por Israel. Segundo os organizadores, o objetivo é chamar a atenção da comunidade internacional para a gravidade do cerco e pressionar por mudanças nas políticas de bloqueio.

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