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Israel desiste de indicar novo embaixador para o Brasil em meio à crise diplomática

Decisão ocorre após o Itamaraty não responder à indicação de Gali Dagan; relações passam a ser conduzidas em nível inferior

25 agosto 2025 - 21h00Redação, O Estado de S. Paulo
Palácio Itamaraty em Brasília.
Palácio Itamaraty em Brasília. - (Foto: Dudu Lima / Estadão0
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O governo de Israel anunciou nesta segunda-feira, 25, que não vai mais indicar um novo embaixador para o Brasil, depois de o Itamaraty deixar sem resposta o pedido de agrément para o diplomata Gali Dagan assumir o posto em Brasília. A chancelaria israelense informou, em nota citada pelo Times of Israel, que as relações entre os dois países passarão a ser conduzidas em um “nível diplomático inferior”.

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A decisão é mais um capítulo na crise diplomática aberta após as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à ofensiva israelense contra o grupo Hamas na Faixa de Gaza. Desde 2023, Lula tem acusado Israel de genocídio e chegou a comparar a morte de civis palestinos ao Holocausto — declaração que levou o governo israelense a declará-lo persona non grata.

A crise se agravou quando o embaixador brasileiro em Tel-Aviv, Frederico Meyer, foi convocado a uma reprimenda pública no Museu do Holocausto, em Jerusalém. O Itamaraty classificou o gesto como hostil e decidiu chamá-lo de volta ao Brasil, sem indicar substituto.

Na nota divulgada nesta segunda, a chancelaria de Israel criticou a postura brasileira: “Após o Brasil, excepcionalmente, se abster de responder ao pedido de agrément do embaixador Dagan, Israel retirou o pedido, e as relações entre os países agora são conduzidas em um nível diplomático inferior.”

Ainda segundo o Times of Israel, o governo israelense avalia que a “linha crítica e hostil” adotada pelo Brasil se intensificou após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023. Apesar disso, o comunicado afirma que Tel-Aviv continua mantendo vínculos com setores da sociedade brasileira que se declaram próximos de Israel.

Questionado pela TV Globo, o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou que a decisão de Israel é consequência direta da forma como o embaixador brasileiro foi tratado em Jerusalém.

“Não houve veto. Pediram um agreement e não demos. Não respondemos. Eles entenderam e desistiram. Eles humilharam nosso embaixador lá, uma humilhação pública. Depois daquilo, o que eles queriam?”, disse Amorim.

Até o momento, o Itamaraty não se manifestou oficialmente sobre a retirada da indicação.

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