
Israel lançou uma série de ataques aéreos de grande escala contra alvos estratégicos em Teerã nesta segunda-feira (23), ampliando a tensão com o Irã. Entre os locais atingidos estão instalações consideradas símbolos do poder da teocracia iraniana, como o quartel da Guarda Revolucionária, a prisão de Evin — que abriga milhares de opositores políticos — e a central nuclear de Fordow.

A ofensiva ocorre em resposta aos mísseis disparados por Teerã no domingo (22) e nesta segunda-feira, no 11º dia de um conflito iniciado por Israel no dia 13 de junho, após um ataque que elevou a crise a níveis sem precedentes na região.
Segundo o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, os bombardeios foram “de uma potência sem precedentes”. Em publicação na rede social X, ele confirmou que a ofensiva teve como alvos também a sede da segurança interna da Guarda Revolucionária e a base dos Basij, força paramilitar aliada ao regime.
Apagão em bairros de Teerã - De acordo com a agência iraniana Mehr, próxima ao governo, os ataques danificaram redes de energia em áreas densamente povoadas da capital. Um comunicado da companhia elétrica Tavanir indicou que os distritos 2 e 3, onde vivem mais de 1 milhão de pessoas, enfrentam apagões.
Além da ação israelense, os Estados Unidos também realizaram bombardeios no domingo contra estruturas nucleares iranianas em Isfahan, Natanz e Fordow. O Pentágono afirmou ter “devastado o programa nuclear iraniano”, embora a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ainda não tenha conseguido medir o real impacto.
Rafael Grossi, diretor da AIEA, solicitou acesso imediato às instalações para verificar o nível de danos e o estado das reservas de urânio. Segundo a agência, o Irã continua enriquecendo urânio a 60%, abaixo do índice de 90% necessário para fabricar armas nucleares, e não há evidência de um programa ativo voltado para fins militares.
Autoridades iranianas responderam com ameaças diretas. Um dos assessores do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que os Estados Unidos “devem se preparar para consequências irreparáveis” e que suas bases militares na região do Golfo serão consideradas “alvos legítimos”.
Segundo fontes do The New York Times, militares americanos identificaram movimentações de milícias ligadas ao Irã no Iraque e na Síria, sinalizando um possível contra-ataque.
Teerã também indicou que poderia fechar o Estreito de Ormuz, por onde transita cerca de 20% de todo o petróleo consumido no mundo, o que elevaria ainda mais a pressão econômica global em meio ao agravamento do conflito.
Especialistas avaliam impacto limitado em programa nuclear - Apesar das declarações do presidente americano Donald Trump, que afirmou nas redes sociais que houve “destruição total” das instalações nucleares do Irã, especialistas internacionais afirmam que parte do material radioativo pode ter sido transferido antes dos bombardeios.
O assessor Ali Shamkhani também afirmou na rede X que o país ainda possui reservas de urânio enriquecido, reforçando que o programa nuclear iraniano continua ativo, mesmo após os ataques coordenados de Israel e dos Estados Unidos.
