
Israel bombardeou nesta terça-feira (9) a sede política do Hamas em Doha, capital do Catar, em um ataque que deixou seis mortos e reacendeu a tensão no Oriente Médio. Segundo o grupo palestino, seus principais líderes escaparam da ofensiva, que ocorreu durante uma reunião para analisar uma proposta dos Estados Unidos de cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Entre as vítimas estão o filho de Khalil al-Hayya — líder do Hamas em Gaza e principal negociador do grupo —, três guarda-costas e o chefe de seu gabinete. Um membro da Força de Segurança Interna do Catar também foi morto, informou o Ministério do Interior catariano.
O bombardeio em território catariano, aliado estratégico dos EUA e mediador central no conflito, gerou forte condenação internacional. O governo do Catar classificou a ofensiva como “violação flagrante das leis e normas internacionais”.
Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos manifestaram apoio ao país, enquanto os EUA afirmaram ter sido informados previamente, mas tentaram se distanciar do ataque. O presidente Donald Trump considerou a ação “um incidente lamentável” e disse a Benjamin Netanyahu que ela não contribui para a paz.
Já o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar ironizou o alerta norte-americano, alegando que foi emitido justamente no momento em que as explosões eram ouvidas em Doha.
Diferente de operações anteriores, o primeiro-ministro israelense assumiu publicamente a autoria do ataque. “Israel iniciou, Israel conduziu e Israel assume total responsabilidade”, declarou Netanyahu, justificando a decisão após atentados em Jerusalém e Gaza que mataram civis e soldados.
O exército israelense informou ter usado “munições precisas e inteligência adicional”, mas não detalhou a forma da operação.
O Hamas acusou Israel e os EUA de tentarem sabotar as negociações de cessar-fogo. O Egito, também mediador, condenou a ação e disse que o alvo eram líderes reunidos justamente para discutir formas de encerrar a guerra.
As chances de acordo ficam cada vez mais distantes, enquanto Israel prepara uma ofensiva terrestre em Gaza. O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, que representa parentes de sequestrados pelo Hamas, disse estar em “profunda preocupação” com a escalada.
“A perspectiva de seu retorno agora enfrenta uma incerteza maior do que nunca”, declarou a entidade em nota. Enav Zangauker, mãe de um refém, disse estar “tremendo de medo”.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou a ofensiva e apelou para que “todas as partes trabalhem em busca de um cessar-fogo permanente, não para destruí-lo”.

Imagens de câmeras de segurança divulgadas pela Al Jazeera mostraram que a explosão ocorreu no bairro diplomático de Doha, em prédios que abrigavam a ala política do Hamas.
Apesar de já ter perdido importantes comandantes, o grupo ainda demonstra coesão e segue ativo em Gaza desde os ataques de 7 de outubro de 2023, que deram início à atual guerra.

(com agências internacionais)
