Israel forneceu aos Estados Unidos, na semana passada, informações que apontariam para avanços preocupantes nas pesquisas nucleares conduzidas pelo Irã. O material compartilhado, segundo autoridades americanas e assessores do Congresso dos EUA, inclui detalhes sobre o desenvolvimento de tecnologias associadas à fabricação de armas atômicas — embora não haja, até o momento, evidências concretas de uma decisão definitiva iraniana nesse sentido.
O alerta israelense antecedeu ataques ao Irã e mencionava pesquisas em áreas consideradas sensíveis, como um sistema de iniciação multiponto — técnica utilizada para acionar múltiplas explosões simultâneas, comum em bombas nucleares — e estudos envolvendo partículas de nêutrons, fundamentais para a reação de fissão nuclear. Também teriam sido mencionados testes com explosivos plásticos e integração de materiais físsil em dispositivos explosivos.
Resposta dos EUA foi cautelosa - Mesmo diante do conteúdo alarmante, autoridades norte-americanas avaliaram que as informações não eram conclusivas o suficiente para confirmar um plano em curso para a construção de uma bomba. Ainda assim, ambos os governos concordam que o Irã, nos últimos meses, se colocou em posição mais favorável para, caso deseje, avançar rapidamente na produção de armamentos nucleares.
Segundo estimativas dos EUA, o Irã seria capaz de enriquecer urânio em grau de armamento em até duas semanas. Com esse material, teria condições de montar uma arma de perfil rudimentar em questão de meses.
Apesar dos dados compartilhados por Israel, o governo iraniano insiste que seu programa nuclear tem fins exclusivamente pacíficos. O posicionamento de Teerã é reiterado com frequência em fóruns internacionais, inclusive na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e sempre nega qualquer ambição armamentista.
A tensão em torno do programa nuclear iraniano tem crescido nos últimos anos, especialmente após o colapso do acordo internacional firmado em 2015, que previa limitações ao avanço tecnológico do país em troca da suspensão de sanções econômicas.
