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Irã: Periódico defende ataque Haifa, em Israel, após assassinato de cientista

O periódico defende há muito tempo uma retaliação agressiva a ações dirigidas ao Irã, mas no artigo deste domingo sugeriu ações que destruam instalações e também provoquem "pesadas perdas humanas"

29 novembro 2020 - 12h14
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Um artigo de opinião publicado neste domingo pelo jornal iraniano Kayhan instou o país a atacar a cidade portuária israelense de Haifa, se for confirmado que Israel matou o cientista fundador do programa nuclear militar do Irã, Mohsen Fakhrizadeh, na última sexta-feira.

No artigo, o analista iraniano Sadollah Zarei argumenta que as respostas anteriores do Irã a ataques aéreos israelenses que mataram agentes da Guarda Revolucionária não foram suficientes para deter Israel. O periódico defende há muito tempo uma retaliação agressiva a ações dirigidas ao Irã, mas no artigo deste domingo sugeriu ações que destruam instalações e também provoquem "pesadas perdas humanas".

Para Zarei, atacar Haifa e matar um grande número de pessoas "definitivamente levará à dissuasão, porque os Estados Unidos e o regime israelense não estão de forma alguma prontos para tomar parte em uma guerra e um confronto militar". Embora Kayhan seja um jornal de pequena circulação, seu editor-chefe, Hossein Shariatmadari, foi nomeado pelo líder supremo aiatolá Ali Khamenei e descrito como seu assessor no passado.

Na sexta-feira, conforme relatos, um caminhão-bomba explodiu nos arredores de Teerã e, em seguida, homens armados abriram fogo contra Fakhrizadeh, matando ele e um guarda-costas. Ontem, o presidente iraniano Hassan Rouhani culpou Israel pelo assassinato e afirmou que não interromperia seu programa nuclear. O líder supremo do país persa, Ali Khamenei, pediu um "castigo definitivo" para os culpados pelo caso.

O governo de Israel não fez comentários sobre o assassinato mas, segundo a emissora israelente N12, foi emitido um alerta para as embaixadas do país ao redor do mundo.

Agências de inteligência dos EUA e inspetores nucleares do país disseram que o programa nuclear militar organizado que Fakhrizadeh supervisionou foi dissolvido em 2003, mas as suspeitas israelenses sobre o programa atômico de Teerã e seu envolvimento nunca cessaram.

O parlamento iraniano realizou neste domingo uma audiência a portas fechadas sobre a morte de Fakhrizadeh. Posteriormente, o presidente da instituição, Mohammad Baqer Ghalibaf, disse que os inimigos do Irã devem se arrepender de tê-lo matado. "O inimigo criminoso não se arrepende, exceto com uma forte reação", disse em rádio estatal. Os parlamentares também começaram a revisão de um projeto de lei que interromperia as inspeções pela Agência Internacional de Energia Atômica.

O assassinato de Fakhrizadeh pode complicar os planos do presidente eleito dos EUA, Joe Biden, de considerar a reentrada no acordo nuclear de Teerã com potências mundiais. Também aumenta o risco de um conflito aberto nas últimas semanas do mandato do presidente Donald Trump, na avaliação do diretor do Instituto de Estudos de Segurança Nacional da Universidade de Tel Aviv, Amos Yadlin. Fonte: Associated Press.

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