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Investigações iniciais sobre acidente aéreo da Jeju Air geram críticas e protestos

Relatório aponta erro dos pilotos ao desligar motor menos danificado, mas famílias contestam e exigem mais provas sobre o desastre

22 julho 2025 - 17h45AP
Acidente aconteceu no final de 2024 e deixou 179 mortos
Acidente aconteceu no final de 2024 e deixou 179 mortos - (Foto: Ahn Young-joon/AP)

Os primeiros resultados da investigação sobre o acidente aéreo da Jeju Air, ocorrido em dezembro de 2024, na Coreia do Sul, revelaram que os pilotos desligaram o motor menos danificado antes do pouso forçado. Embora os dois motores tenham sido atingidos por aves, o desligamento do motor esquerdo, considerado menos afetado, foi um erro humano que provocou protestos veementes de familiares das vítimas e colegas dos pilotos, que acusam as autoridades de tentar transferir a responsabilidade para os profissionais mortos.

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O acidente, que vitimou 179 pessoas e é considerado o pior desastre aéreo na Coreia do Sul em décadas, aconteceu no dia 29 de dezembro, quando o Boeing 737-800 da Jeju Air fez um pouso forçado no Aeroporto Internacional de Muan. O avião aterrissou de barriga para baixo e explodiu, com apenas duas sobreviventes entre as 181 pessoas a bordo.

A análise dos motores da aeronave não apontou falhas nos equipamentos fabricados pela Safran e pela GE, mas os investigadores concluíram que o motor direito sofreu danos mais graves após os ataques das aves, sendo envolvido por chamas e fumaça. A descoberta de que os pilotos desligaram o motor esquerdo foi baseada nas gravações do gravador de voz da cabine e no gravador de dados de voo. Porém, as razões para tal decisão não foram explicadas no relatório, gerando novas dúvidas sobre o erro cometido pelos pilotos.

A investigação, liderada pelo Conselho de Investigação de Acidentes Ferroviários e de Aviação da Coreia do Sul, foi planejada para ser divulgada no último sábado (19), mas foi adiada após protestos de parentes das vítimas. A principal reclamação foi de que as autoridades não apresentaram provas suficientes para sustentar a afirmação de que o erro foi cometido pelos pilotos.

Reação das famílias e críticas à investigação

Em resposta ao relatório preliminar, Kim Yu-jin, líder de uma associação de familiares, declarou que, se a investigação fosse realmente independente e confiável, deveria ser acompanhada de evidências concretas. As famílias das vítimas criticaram ainda mais a conclusão de que a falha dos pilotos foi determinante para o acidente, insistindo que não há ressentimentos contra os profissionais envolvidos.

A Aliança Coreana de Sindicatos de Pilotos também se manifestou, questionando a imparcialidade da investigação e pedindo a divulgação dos dados completos dos gravadores. Para os sindicalistas, o relatório não levou em conta outros fatores, como a infraestrutura do aeroporto e os localizadores que, segundo especialistas, deveriam ser feitos com materiais mais frágeis para garantir a segurança das aeronaves em casos de acidente.

Outros fatores podem ter contribuído para o desastre

O relatório inicial se concentrou principalmente nos motores do avião, mas não abordou com profundidade a questão dos localizadores, estruturas de antenas projetadas para auxiliar os pousos. A situação gerou mais desconfiança, principalmente entre os pilotos, que acreditam que o governo não quer responsabilizar o aeroporto de Muan, sob administração do Ministério dos Transportes.

Fontes próximas à investigação afirmam que as autoridades estão analisando não só os localizadores, mas também o papel dos controladores de tráfego aéreo e o treinamento dos pilotos da Jeju Air para situações de emergência.

A decisão de divulgar os resultados parciais da investigação sem comprovações adicionais sobre os erros dos pilotos foi criticada por Kwon Bo Hun, reitor da Faculdade de Aeronáutica da Universidade do Extremo Oriente, que chamou o anúncio de "desajeitado" e alegou que, sem provas claras, a responsabilidade sobre o acidente não pode ser atribuída aos pilotos falecidos.

Investigações continuam e resultados finais aguardados

O Conselho de Investigação de Acidentes de Aviação e Ferroviários da Coreia do Sul afirmou que não pretende culpar os pilotos, mas, sim, esclarecer todos os fatores que contribuíram para o desastre. A previsão é que os resultados finais da investigação sejam publicados até junho do próximo ano.

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