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METANOL

Bruna Araújo tem morte encefálica confirmada após possível ingestão de bebida com metanol

Jovem de São Bernardo estava internada desde 29 de setembro; cidade já investiga quatro mortes por suspeita de intoxicação

4 outubro 2025 - 08h30Caio Possati
Jovem de São Bernardo é internada após consumir vodca
Jovem de São Bernardo é internada após consumir vodca - (Foto: Reprodução; e Adobe Stock)

O Hospital de Clínicas Municipal de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, confirmou neste sábado (4) a abertura do protocolo de morte encefálica da jovem Bruna Araújo de Souza, internada com sintomas graves de intoxicação por metanol. A informação foi divulgada pela prefeitura do município, que também comunicou a família da paciente sobre o procedimento.

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Bruna, de 25 anos, estava hospitalizada desde o dia 29 de setembro, após ingerir uma bebida feita com vodca e suco de pêssego. Seu quadro clínico se agravou na sexta-feira (3), e o estado de saúde foi considerado gravíssimo. Com a confirmação da morte encefálica, considerada um critério legal de óbito, a paciente não apresenta mais atividade cerebral, embora ainda esteja conectada a aparelhos.

O protocolo de morte encefálica envolve uma série de exames realizados por múltiplos profissionais de saúde para avaliar a ausência irreversível de funções cerebrais, incluindo o córtex e o tronco cerebral. Mesmo com o coração ainda batendo por algum tempo com suporte, a condição é considerada incompatível com a vida.

O caso de Bruna está entre os 30 episódios de suspeita de intoxicação por metanol registrados em São Bernardo do Campo, sendo um confirmado até agora. A cidade já investiga quatro possíveis mortes relacionadas à ingestão de bebidas adulteradas.

Em todo o Brasil, o Ministério da Saúde contabiliza 113 ocorrências entre confirmadas e em investigação. O estado de São Paulo concentra 102 dessas notificações, com 11 confirmações e oito mortes, sendo uma já oficialmente atribuída ao metanol.

Segundo autoridades, a contaminação estaria relacionada ao uso de metanol no processo de adulteração de bebidas destiladas — como vodca, uísque e gim — em estabelecimentos comerciais. Em São Bernardo, a Vigilância Sanitária Municipal e Estadual interditaram quatro locais e apreenderam lotes de bebidas. A Polícia Civil também recolheu amostras e conduz a investigação, sob responsabilidade da Delegacia de Infrações e Crimes contra o Meio Ambiente (Dicma).

A prefeitura informou ainda que, apenas este ano, dez estabelecimentos foram interditados por suspeitas de adulteração, com 30 pessoas presas. Na semana passada, foram apreendidas 4.500 garrafas de bebidas alcoólicas suspeitas.

O Ministério Público Federal instaurou um procedimento administrativo para monitorar os casos em todo o país e investigar possíveis crimes de adulteração. A preocupação das autoridades é com a escala dos casos e os riscos à saúde pública.

Em resposta, o Ministério da Saúde anunciou a compra emergencial de antídotos para tratar intoxicações por metanol. Foram adquiridas 4.300 ampolas de etanol farmacêutico, capazes de atender até 5 mil pacientes. A pasta também negocia a aquisição de 150 mil unidades e busca parcerias internacionais para garantir acesso ao fomezipol, outro antídoto eficaz, por meio de doações e créditos junto à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

O uso de metanol, altamente tóxico para o consumo humano, pode causar danos irreversíveis ao sistema nervoso central, cegueira, falência de órgãos e morte, mesmo em pequenas doses.

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