
Durante a Expogenética 2025, em Campo Grande, o Instituto Juliano Varela mostrou que inclusão e solidariedade também fazem parte do agronegócio. A instituição, que há 32 anos atua em prol das pessoas com deficiência, marcou presença no evento com o RodeioFest Inclusivo — uma iniciativa que reuniu famílias e pessoas com deficiência em um ambiente de convivência, aprendizado e empatia.
Em entrevista ao Jornal A Crítica, o diretor social José Luiz Varela ressaltou a importância da ação. “Poucos imaginam o desafio de tirar uma pessoa com deficiência do seu ambiente controlado. Mas é assim que se quebra o preconceito: levando informação e mostrando que todos podem participar de qualquer espaço”, afirmou.
Um espaço para todos
O pavilhão do RodeioFest Inclusivo reuniu seis instituições — entre elas o Juliano Varela, Cotolengo, Ama e Proditeia — com barracas de comidas e produtos cujas vendas ajudam a manter os atendimentos gratuitos. “Aqui, as famílias encontram segurança, acolhimento e, ao mesmo tempo, uma forma de sustentar os projetos que transformam vidas”, explicou José Luiz.
Enquanto as crianças e jovens participavam das atividades, as mães tiveram acesso a serviços de saúde e bem-estar, como exames preventivos e cuidados pessoais. “Essas mulheres passam tanto tempo se dedicando aos filhos que esquecem de si mesmas. Esse momento é também para que elas se cuidem”, ressaltou.
Independência e dignidade
O Instituto Juliano Varela, fundado por Malu Varela e Marita Cansado Soares, atende atualmente 1.400 famílias em Campo Grande. O trabalho é voltado à autonomia de pessoas com deficiência intelectual e autismo. “Queremos que nossos alunos sejam independentes, que trabalhem, que vivam bem. O objetivo é que a deficiência se torne apenas uma característica, não uma limitação”, disse.
Zé Luiz contou que o instituto forma cidadãos capazes de realizar tarefas simples, mas essenciais para a vida. “Eles aprendem a fritar um ovo, lavar roupa, cozinhar. Isso é dignidade. É garantir que possam viver com autonomia quando os pais não estiverem mais aqui”, pontuou.
Desafios e esperança
Apesar do reconhecimento, o Instituto enfrenta dificuldades financeiras e depende de parcerias e doações para manter seus serviços gratuitos. Em uma ação recente durante a feira, um leilão beneficente arrecadou R$ 54 mil para ampliar os atendimentos. “Isso mostra que ainda existe solidariedade. Quando as pessoas entendem o valor da inclusão, elas ajudam”, disse o diretor.
Atualmente, o Instituto está com 80% das obras concluídas de um novo centro de atendimento, com 6 mil m², que vai concentrar saúde, educação e assistência social em um único espaço. “Será o maior centro especializado do Estado, totalmente gratuito. E esperamos inaugurá-lo até 2026”, anunciou.
Convite à sociedade
José Luiz encerrou o bate-papo com um convite à população. “Quem quiser conhecer nosso trabalho pode visitar uma das unidades ou nos acompanhar pelas redes sociais. Mesmo quem não pode doar dinheiro, pode ajudar com tempo, voluntariado e divulgação. A inclusão só existe quando todos participam”, finalizou.


