
Na manhã de 3 de dezembro de 2020, o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, quase foi palco de uma tragédia envolvendo dois aviões de passageiros. Um relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), divulgado recentemente, revelou que um erro do controlador de tráfego aéreo fez com que um avião da Azul e outro da Gol ficassem perigosamente próximos, a apenas 22 metros de distância. A colisão só foi evitada porque a tripulação da Gol avisou que ainda estava na pista, permitindo que o avião da Azul arremetesse e evitasse o impacto.

Um descuido com final feliz - Naquele dia, o avião da Azul, vindo do Rio de Janeiro com 68 passageiros, estava se aproximando para pousar em Congonhas. Ao mesmo tempo, uma aeronave da Gol, com 163 passageiros, esperava autorização para decolar para Salvador, posicionada na mesma pista. O controlador de tráfego aéreo, porém, liberou o pouso do avião da Azul sem perceber que o voo da Gol ainda estava ali.
O incidente, que quase resultou em uma colisão, só foi evitado porque a tripulação da Gol informou à Torre de Controle que ainda estava na pista. Rapidamente, o controlador mandou o piloto da Azul abortar o pouso, e o avião passou a apenas 22 metros da aeronave da Gol. Apesar do susto, ninguém ficou ferido e nenhum dano foi registrado nos aviões.
Profissional experiente, mas abalado - Segundo o Cenipa, o controlador que cometeu o erro tinha 11 anos de experiência e dois anos atuando na Torre de Controle de Congonhas. No entanto, ele estava emocionalmente abalado com problemas pessoais, o que afetava seu sono e concentração. De acordo com colegas, ele era uma pessoa dedicada e de bom humor, mas, naquele dia, os problemas pessoais influenciaram seu trabalho.
Outro fator apontado pelo relatório foi a atuação do supervisor da Torre de Controle, que, no momento do incidente, estava preenchendo o livro de registros e não percebeu o erro do controlador. Mesmo após o quase acidente, ele não achou necessário afastar o controlador do turno, medida que as normas do sistema de controle aéreo recomendam em situações como essa.
Azul e Gol reafirmam compromisso com a segurança - Após a divulgação do relatório, a Azul declarou que segue rigorosamente as normas de segurança nacionais e internacionais e está pronta para adotar qualquer recomendação que as autoridades reguladoras indiquem. A Gol e a Infraero, que administrava o Aeroporto de Congonhas na época, não comentaram o ocorrido.
O incidente reforça a importância do cuidado com a saúde emocional e as condições de trabalho dos controladores de tráfego aéreo, que têm uma responsabilidade crucial para a segurança dos passageiros e tripulações. O relatório do Cenipa serve como um lembrete da necessidade de supervisão constante e suporte aos profissionais que atuam em posições de alta pressão.
