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SUSTENTABILIDADE

Energisa MS investe mais de R$ 11 milhões em eficiência energética em 2024

Paulo Roberto dos Santos, diretor-presidente da Energisa MS, fala sobre desafios climáticos, expansão do agronegócio e os dilemas da sustentabilidade

17 janeiro 2025 - 09h30Lorena Sone
Diretor-presidente da Energisa MS, Paulo Roberto dos Santos, falou sobre os desafios e esforços da empresa no estado em entrevista ao Giro Estadual de Notícias.
Diretor-presidente da Energisa MS, Paulo Roberto dos Santos, falou sobre os desafios e esforços da empresa no estado em entrevista ao Giro Estadual de Notícias. - (Foto: Lorena Sone)

Paulo Roberto dos Santos já viu de tudo no setor elétrico em seus 40 anos de experiência. Desde setembro de 2024, como diretor-presidente da Energisa Mato Grosso do Sul, ele tem enfrentado desafios únicos: do “polígono dos tornados” no sul do Estado até as linhas intermináveis que levam energia para os rincões do agronegócio.

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Nesta sexta-feira (17), ele foi entrevistado no programa Giro Estadual de Notícias, produzido pelo Grupo Feitosa de Comunicação e transmitido ao vivo diretamente da central de jornalismo em Campo Grande. A exibição, feita via fibra ótica para as emissoras de rádio do Grupo Feitosa e também pelo YouTube, apresentou aos ouvintes e espectadores uma visão detalhada dos esforços da Energisa para equilibrar expansão, inovação e sustentabilidade em um estado marcado por desafios únicos.

Confira:

"Imagine um estado com baixíssima densidade populacional, redes que chegam a 100 quilômetros para atender um único cliente, e, para piorar, a maior incidência de raios do mundo. Só no Mato Grosso do Sul, são 450 mil descargas atmosféricas por mês", relatou Paulo, com a voz tranquila de quem, aparentemente, já se acostumou ao inesperado.

Entre as realidades do campo e o crescimento das cidades, a Energisa tenta equilibrar eficiência e qualidade de atendimento, um feito que, segundo o presidente, é digno de orgulho: “Quando chegamos, nossos clientes ficavam sem energia por 12 horas ao ano. Hoje, conseguimos reduzir isso para 9 horas. E isso em um estado essencialmente rural, diferente do Sudeste, onde a resposta é mais rápida graças à concentração urbana”.


O agronegócio em MS impulsiona o crescimento industrial e a crescente demanda por energia, com foco no sul do estado. (Foto: Lorena Sone)

O campo pede energia - O Mato Grosso do Sul vive um boom de crescimento puxado pelo agronegócio. Indústrias de celulose, etanol e laranja estão brotando nos campos férteis da região. E, com elas, vem a crescente demanda por energia elétrica.

“Nós estamos migrando do agro para o agroindustrial. Não é mais só plantar e colher. Agora, agregamos valor. Ribas do Rio Pardo, Inocência, Bataguassu... todas essas cidades estão recebendo indústrias e precisam de infraestrutura”, comentou Paulo durante a entrevista.

Ele descreve o sul do estado como o epicentro desse avanço. “A região de Bataguassu é um polo de novos projetos, principalmente de confinamento de gado e amendoim. São investimentos estruturantes. Não temos ainda os valores finais aprovados pelo conselho, mas será um grande aporte focado no rural.”


O diretor-presidente destaca os desafios do setor elétrico em MS e alerta sobre os riscos de podar árvores próximas à rede elétrica. (Foto: Lorena Sone)

Polígono dos tornados e podas de árvores - Durante o programa, transmitido para milhares de ouvintes e internautas, Paulo explicou como os fenômenos climáticos desafiam o setor elétrico no estado. "As condições aqui são severas. O sul do estado é conhecido como o polígono dos tornados, e enfrentamos descargas atmosféricas em níveis absurdos. Isso exige planejamento, equipes ágeis e parcerias com prefeituras para minimizar os danos”, destacou.

Uma parte relevante dos problemas de interrupção de energia, segundo ele, está na vegetação. "Mais de 80% dos casos de falta de luz são causados por árvores mal posicionadas ou mal podadas. Estamos firmando convênios com prefeituras para acelerar as autorizações e evitar problemas maiores."

Paulo aproveitou a oportunidade para alertar os moradores: “Nunca tentem podar uma árvore que esteja tocando a rede elétrica. Em dias de chuva, a umidade do tronco conduz energia, e o risco é enorme. Deixe que a Energisa cuide disso.”


Projeto Ilumina Pantanal leva energia a comunidades isoladas transformando vidas no MS. (Foto: Lorena Sone)

Ilumina Pantanal: luz para quem nunca teve - Mas não são só números e problemas que Paulo trouxe à tona. Quando falou do projeto Ilumina Pantanal, o tom mudou. Há orgulho e emoção na voz.

“O projeto nos coloca frente a frente com pessoas que nunca tiveram acesso à energia. Uma senhora de 80 anos me disse: ‘Agora eu posso tomar essa tal de água gelada’. Um indígena, o Seu Vicente, comentou que viveria mais dez anos porque agora não precisaria caçar todos os dias – podia guardar a caça na geladeira. É transformador”, contou Paulo no programa, para surpresa dos ouvintes.

Além disso, a Energisa investiu R$ 11 milhões em 2024 em eficiência energética, instalando usinas solares em hospitais e escolas. “Só o projeto na Santa Casa de Campo Grande gerou economia equivalente ao consumo de 1.100 residências. São ações que fazem a diferença na vida das pessoas e também no meio ambiente”, ressaltou.


Mato Grosso do Sul se destaca na digitalização, com 92% dos clientes usando canais digitais da Energisa. (Foto: Lorena Sone)

Digitalização no estado agro - Outro ponto de destaque abordado durante a entrevista foi a transformação digital. Apesar de ser um estado essencialmente agro, o Mato Grosso do Sul lidera na digitalização dos atendimentos. “Hoje, 92% dos nossos clientes usam canais digitais, como WhatsApp e o aplicativo Energisa On. Isso mostra que estamos conectados às necessidades do nosso público”, afirmou Paulo.

Ele também alertou para um fenômeno curioso: o aumento no consumo de energia em residências com painéis solares. "Quando o cliente instala energia fotovoltaica, ele muda o hábito de consumo. Se antes tinha um ar-condicionado, agora tem quatro. À noite, quando não há sol, ele volta a usar a rede, o que acaba exigindo mais do sistema."

Cultura, educação e o futuro da energia - Mais do que uma empresa de energia, a Energisa busca se integrar à comunidade. Paulo destacou o Espaço Energia, em Campo Grande, que já recebeu 70 mil crianças para aprender sobre energia e ciência. “Queremos despertar nelas o interesse pela física e, quem sabe, pelo setor elétrico.”

Sobre o futuro, ele foi direto e otimista: “Estamos investindo em infraestrutura para atender novas indústrias, mas sem esquecer da sustentabilidade. É um equilíbrio que precisamos buscar: atender à demanda sem esquecer do meio ambiente e das pessoas.”

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