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Padres casados são permitidos em igrejas católicas orientais ligadas ao Vaticano; entenda

Apesar do celibato obrigatório na Igreja Católica Romana, outras 23 denominações católicas seguem regras próprias e aceitam sacerdotes casados

13 maio 2025 - 09h45Fabio Grellet
Vitor Pimentel Pereira, que desde 2021 é padre da Igreja Greco-Católica Melquita no Brasil: casado e pai de três filhos.
Vitor Pimentel Pereira, que desde 2021 é padre da Igreja Greco-Católica Melquita no Brasil: casado e pai de três filhos. - Foto: Arquivo Pessoal

Celibato não é uma exigência universal entre os padres da Igreja Católica. Embora seja obrigatório na vertente romana — a mais conhecida e seguida no mundo —, outras 23 igrejas católicas orientais também estão em comunhão com o papa e possuem ritos próprios, que incluem a possibilidade de ordenar homens casados ao sacerdócio.

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Essas igrejas, como a Maronita, Siríaca, Greco-Católica Melquita e Caldeia, estão presentes principalmente em países como Líbano, Síria, Ucrânia e Índia. Em 21 delas, padres casados são uma prática tradicional e reconhecida. A exceção fica por conta das igrejas indianas Siro-Malabar e Siro-Malancar, que seguem a mesma norma da Igreja Romana quanto ao celibato.

Nessas denominações, a regra é clara: apenas homens que já estejam casados podem ser ordenados padres. Depois da ordenação, não é mais permitido o matrimônio — mesmo que fiquem viúvos. O modelo se assemelha ao dos diáconos permanentes da Igreja Católica Romana, que também podem ser casados desde que o casamento tenha ocorrido ao menos cinco anos antes da ordenação e com o consentimento formal da esposa. Caso fiquem viúvos, também não podem contrair novo casamento.

Apesar de a Bíblia não proibir o casamento para líderes religiosos, ela sugere que o celibato facilita a dedicação exclusiva ao serviço de Deus. Em uma das cartas aos Coríntios, o apóstolo Paulo escreveu que o homem solteiro “preocupa-se com as coisas do Senhor”, enquanto o casado “está dividido” entre Deus e as obrigações da vida conjugal.

O celibato clerical só se tornou uma norma oficial da Igreja Católica Romana no século XII, com o Concílio de Latrão, em 1123. A partir de então, passou a ser visto como um modo de vida mais adequado à figura de Jesus Cristo, que viveu de forma casta.

Em 2014, o papa Francisco ampliou as possibilidades de atuação para essas igrejas orientais, ao permitir que padres casados de ritos orientais pudessem exercer o ministério também em países ocidentais. No Brasil, essa mudança se concretizou em 2021, com a ordenação do padre Vítor Pimentel Pereira, da Igreja Greco-Católica Melquita. Casado e pai de três filhos, ele foi o primeiro sacerdote casado das igrejas católicas orientais a atuar no país após a permissão do Vaticano.

Mesmo com essas diferenças, todas as igrejas citadas estão em plena comunhão com o papa e reconhecem sua autoridade espiritual. A diversidade de práticas entre elas é resultado de tradições históricas e culturais específicas, respeitadas dentro da estrutura mais ampla da Igreja Católica.

Outro ponto comum entre todas essas igrejas é a exigência de celibato para aqueles que pretendem assumir o episcopado. Ou seja, apenas padres solteiros podem se tornar bispos, mesmo nas igrejas que aceitam o casamento sacerdotal.

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