
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que realizará uma vistoria no Santuário dos Elefantes Brasil (SEB), na Chapada dos Guimarães (MT), após a morte de duas elefantas fêmeas registradas recentemente — menos de um ano após a chegada dos animais ao local.
Pupy e Kenya foram resgatadas de situações com cuidados inadequados, segundo o próprio santuário. Em nota divulgada nas redes sociais, o SEB afirmou que os exames de necrópsia ainda não foram concluídos, mas que não há indícios de relação direta entre as duas mortes, apesar de as fêmeas viverem próximas.
No caso de Pupy, transferida em abril de 2025 do ecoparque de Buenos Aires (desativado), a morte ocorreu em outubro, aos cerca de 35 anos, após sintomas gastrointestinais agudos. O santuário descreveu sua passagem como breve, mas significativa.
Kenya, que chegou em julho deste ano, aos cerca de 44 anos, era vista como “irmã mais velha” de Pupy. De acordo com o SEB, após dias sem se deitar, ela finalmente se acomodou na noite de segunda-feira (15) e ficou imóvel até morrer na manhã de terçafeira (16), após alteração súbita na respiração.
O santuário relatou que antes de ser resgatada Kenya vivia com diarreia crônica, infecções dentárias e alimentação inadequada, sem cuidados veterinários regulares. A instituição também descartou a transmissão de tuberculose entre Kenya e Pupy, apontando que testes já realizados em Pupy foram negativos. Uma cultura laboratorial ainda está pendente.
Em resposta, o Ibama afirmou que não é possível afirmar, neste momento, que as mortes decorreram de maustratos ou manejo inadequado, e que uma vistoria técnica no local é necessária para avaliar a situação real. A data da inspeção ainda não foi divulgada.
O órgão lembrou que empreendimentos que lidam com manejo de fauna devem ser licenciados pelo órgão ambiental estadual — no caso, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso —, que é responsável por verificar as condições de instalações, alimentação, manejo e atendimento veterinário dos animais. Segundo o Ibama, o SEB é classificado como criadouro científico de fauna e, por isso, sua atuação junto ao santuário é supletiva, incluindo a emissão de autorizações para importação de animais.
Ainda conforme o Ibama, a maior parte dos elefantes no SEB foi encaminhada ao Brasil com o objetivo de proporcionar melhor qualidade de vida e manejo, muitos vindos de antigos circos ou de outros países, e frequentemente já idosos ou com comorbidades.
Outras duas elefantas morreram pouco tempo depois de chegarem ao santuário: Pocha, resgatada em maio de 2022 e morta cinco meses depois aos 57 anos, e Ramba, que morreu em dezembro de 2019 aos cerca de 65 anos.
Atualmente, cinco elefantes permanecem no santuário: Maia, Rana, Mara, Bambi e Guillermina. Esta última chegou em 2022 junto com a mãe Pocha, e os demais vivem no SEB há pelo menos cinco anos.

