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CONFLITO NA UCRÂNIA

"Hoje amanheceu mais tranquilo que ontem", relata campo-grandense morador de Kiev

Ross Kasakoff citou que após os sustos do primeiro dia com sirenes e parentes ligando, a sexta-feira é de situação mais "estável em Kiev"

25 fevereiro 2022 - 11h28Gabriel Neri
Ross comentou que muitas pessoas buscaram sair da cidade com medo da guerra
Ross comentou que muitas pessoas buscaram sair da cidade com medo da guerra - (Foto: Arquivo Pessoal)

O conflito na Ucrânia vive o seu segundo dia nesta sexta-feira (25). A guerra no país do leste europeu começou nessa quinta-feira (24) às 5 da manhã pelo horário local com a autorização do presidente da Rússia Vladimir Putin. Ainda no primeiro dia, a Rússia tomou as regiões do leste ucraniano e caminham para conquistar a capital Kiev. O campo-grandense Ross Kasakoff vive há dois anos na principal cidade do país relatou como está a situação.

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“Hoje amanheceu mais tranquilo que ontem”, afirmou Ross. Ele destacou o sentimento vivido pela população local e o que alguns moradores decidiram fazer antes da invasão de Kiev pelos russos. “O sentimento é de atenção, de pânico, as pessoas daqui de Kiev começaram a se mobilizar, algumas preferiram deixar a cidade”.

Para ele, o primeiro dia dos ataques foi mais assustador, já que ele acordou com sirenes e parentes ligando preocupados com a situação. “Hoje se demonstra mais estável. Além disso, ele cita que a cobertura da imprensa ocidental do conflito é levemente exagerada. “A imprensa exagera um pouco porque não temos tanto essa experiência de guerra, a situação sim é complicada, mas não é esse apocalipse que vem sendo veiculado”, opina.

Ainda sobre o dia da invasão, Ross comentou que muitas pessoas buscaram sair da cidade com medo da guerra. Ele observou que o trânsito estava engarrafado e devido o alto número de pessoas usando seus carros, houve um desabastecimento de gasolina.

Em relação aos itens de mercado, o campo-grandense contou que não há desabastecimento, até o momento. “Por incrível que pareça, as prateleiras não estão vazias. Ontem, eu fiz compra, e só os pães e o álcool estavam em falta. Eles bebem bastante aqui, as bebidas alcoólicas sumiram das prateleiras. É até compreensível, diante da situação. Mas os outros mantimentos estão disponíveis."

Ross convive com outros brasileiros na Ucrânia que estão tentando ajuda com a embaixada brasileira para deixar o leste europeu, mas sem êxito. “Eu tenho conhecidos que não estão tendo a ajuda da embaixada brasileira para obter os documentos necessários para deixar o país. Também tenho um amigo pessoal que tem um filho autista e prometi que vou fazer de tudo para tirá-los daqui antes de eu pensar na minha segurança”.

O campo-grandense contou que antes de quinta-feira, estava descrente que realmente acontecia a invasão da Ucrânia por parte da Rússia. No entanto, a expectativa local é de que o conflito não tome grandes proporções. “Eu sinceramente não acreditava na invasão, depois eu achei que restringiria ao sul. Porém, pelo que eu venho observando, parece que o conflito não vai escalar proporções alarmantes, por agora está controlado. Ouvi algumas explosões, mas não vi tanque, não ouvi tiro.”

De acordo com Ross, a população local de Kiev acredita que pouco ou nada será feito por parte dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Além disso, eles não acham que os Estados Unidos e as potências europeias como Reino Unido, França e Alemanha vão intervir. “A gente sabe que pouco será feito por parte da OTAN e da União Europeia. Comentam bastante que as instituições consideram a ‘Europa de fato’, não o leste europeu, começa a partir da Polônia. Se o conflito atingir a Polônia, aí os países do ocidente vão tomar parte.”

Por fim, Ross cita que a Ucrânia está a um ‘Deus dará’ e que está aguardando autoridades brasileiras se moverem para ajudar os brasileiros presentes na Ucrânia. Ele está atualmente na zona norte de Kiev, tentando se manter “tranquilo na medida do possível e esperando as autoridades brasileiras se movimentarem”.

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