
Um novo guia turístico gratuito tem ampliado o olhar de quem visita o Rio de Janeiro: Descubra a Favela – Um guia para viver as favelas de dentro apresenta experiências culturais, gastronômicas e empreendedoras em seis comunidades da zona sul da capital fluminense. A proposta é valorizar o protagonismo local e estimular o turismo de base comunitária como ferramenta de inclusão econômica.

Disponível em português, inglês e espanhol, a publicação mapeia atrações nas favelas da Babilônia, Vidigal, Rocinha, Pavão-Pavãozinho, Dona Marta e Providência. O objetivo é aproximar os visitantes dos empreendimentos que movimentam a economia criativa dessas regiões, além de mostrar o lado positivo das comunidades muitas vezes estigmatizadas.
“O guia nos ajuda a mostrar que o crochê vai muito além de um produto: ele carrega histórias, afeto e a transformação social que vivemos todos os dias no ateliê”, conta Dayanne Albuquerque, do coletivo Nós do Crochê, uma das iniciativas destacadas. O grupo atua na Rocinha com capacitação profissional voltada para mulheres.
Gastronomia, sustentabilidade e protagonismo - Outro exemplo é o projeto Favela Orgânica, idealizado pela chef Regina Tchelly há 14 anos, nas comunidades da Babilônia e Chapéu Mangueira. A iniciativa promove práticas de alimentação saudável e reaproveitamento de alimentos, com ações que já ultrapassaram os limites do estado e chegaram a outros países.
A publicação é fruto do trabalho do Instituto Aupaba, que atua na promoção do turismo como motor de transformação social. Para a presidente da entidade, Luciana de Lamare, o guia é uma forma de integrar os territórios e fomentar políticas públicas mais alinhadas com as reais demandas das comunidades.
“A ideia é gerar maior integração entre o que está acontecendo na favela e o que está acontecendo no asfalto. Quando mapeamos essas iniciativas, conseguimos também ouvir os microempreendedores e fazer um advocacy a partir dessa escuta”, afirma Luciana.
Dados reforçam vocação empreendedora das comunidades - De acordo com uma pesquisa do Instituto Data Favela (2023), cerca de 40% dos moradores das favelas brasileiras possuem algum tipo de negócio próprio. O guia mostra como essa dinâmica se reflete nas ruas, vielas e becos das comunidades cariocas, transformando os morros em polos de produção criativa e geração de renda.
“Esse tipo de ação permite que o turista conheça a cidade de forma mais autêntica e responsável. E mais do que isso: que compreenda o valor das favelas enquanto espaços vivos, criativos e cheios de potência”, completa Luciana.
Além de aproximar o visitante das experiências locais, o Descubra a Favela também estimula o consumo consciente e contribui para mudar a percepção sobre esses territórios. A expectativa é que a publicação sirva como modelo para outras cidades e ajude a fortalecer o turismo socialmente responsável.
O guia pode ser acessado gratuitamente pela internet e está disponível nos idiomas português, inglês e espanhol.
