
Gaza se torna o conflito mais mortal para jornalistas na história recente. Desde o início da guerra em outubro de 2023, mais de 246 jornalistas e profissionais de mídia foram mortos, tornando o atual conflito israelense-palestino o mais fatal para a profissão em toda a história dos conflitos armados. O número supera até mesmo as mortes de jornalistas em grandes guerras como as duas guerras mundiais e outros conflitos significativos, incluindo as guerras na Síria, Ucrânia e Iugoslávia.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) afirma que os ataques contra jornalistas são sistemáticos e visam impedir a cobertura da guerra na Faixa de Gaza. A Força de Defesa de Israel (FDI) nega a acusação de ataques deliberados contra a mídia, mas a realidade no terreno revela uma prática que fere os princípios da liberdade de imprensa. O exército israelense, em várias ocasiões, justifica os ataques alegando que jornalistas estariam ligados a grupos terroristas, o que é refutado por entidades de classe e organizações de direitos humanos.
O caso do jornalista Anas al-Sharif, da Al Jazeera, é emblemático: em agosto de 2024, ele foi morto enquanto cobria os ataques israelenses em Gaza. Israel acusou-o de ser membro do Hamas, mas a Al Jazeera e a comunidade internacional repudiaram essas alegações, destacando que ele era um jornalista amplamente reconhecido.
A situação em Gaza é ainda mais alarmante, pois locais de socorro e de imprensa se tornam alvos de ataques. No dia 25 de agosto, o Hospital Nasser, em Khan Yunes, foi bombardeado novamente enquanto jornalistas estavam registrando o local. O ataque resultou na morte de cinco jornalistas, além de outros profissionais de saúde. O episódio foi condenado pela organização Monitor Euro-Mediterrâneo de Direitos Humanos, que afirma que esses ataques intencionais aos locais de resgates e à cobertura da mídia têm o objetivo de calar testemunhas e dificultar o acesso à informação.
Outro obstáculo significativo enfrentado pelos jornalistas em Gaza é a falta de alimentos. Devido ao bloqueio imposto por Israel, muitos profissionais e suas famílias enfrentam dificuldades para obter alimentação básica. Organizações internacionais, como a AFP, Reuters e BBC News, expressaram preocupação com a escassez de alimentos e as condições de trabalho precárias para a imprensa em Gaza.
Apesar da negação de Israel sobre a fome no território, imagens e relatos de organizações que ainda atuam no local mostram uma grave crise humanitária, com crianças e adultos famintos em meio a uma devastação generalizada.
