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SUSTENTABILIDADE

Grupo Zahran inicia nova fase com sucessão familiar e aposta em energia limpa

Pedro Zahran Turqueto assume a liderança da Copa Energia, com apoio do pai, Caio, e da avó, dona Lucila, matriarca da família em MS

16 abril 2025 - 17h50Da Redação
Família sul-mato-grossense comanda um dos maiores grupos de gás do país e aposta em inovação
Família sul-mato-grossense comanda um dos maiores grupos de gás do país e aposta em inovação - (Foto: Reprodução)

Em muitas famílias empresárias, a troca de comando costuma ser tensa, cheia de disputas e dúvidas. Mas não foi o que aconteceu no Grupo Zahran, um dos grupos mais tradicionais e respeitados do Mato Grosso do Sul. A sucessão foi planejada, discutida com calma e conduzida com o cuidado de quem sabe que está lidando com algo maior do que números: está lidando com história.

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Agora, quem assume o leme da Copa Energia, empresa do grupo que vende gás de cozinha (GLP) para mais de 30 milhões de casas no Brasil, é Pedro Zahran Turqueto, neto do fundador Ueze Zahran, e filho de Caio Turqueto, que comandou a empresa nos últimos sete anos.

Caio não sai de cena. Ele continua como chairman, função que permite seguir orientando o negócio, enquanto Pedro assume o cargo de CEO e passa a liderar todas as decisões do dia a dia.

"A gente preparou essa troca com cuidado. Foi tudo bem tranquilo, dentro da empresa e também na família", disse Caio, que está há quase 50 anos dentro do grupo.

De Campo Grande para o Brasil - Muita gente no estado conhece o nome Zahran. O grupo nasceu em Campo Grande, cresceu vendendo gás e se expandiu para áreas como comunicação, energia solar, fazendas e pequenas hidrelétricas. Também tem uma forte presença na TV, com emissoras afiliadas à Globo, e rádio.

A figura de Ueze Zahran, fundador do grupo, ainda é muito lembrada no estado. Ele faleceu em 2018, aos 94 anos, mas deixou um legado de trabalho e inovação. Quem ajudou a manter esse espírito vivo foi dona Lucila, viúva de Zahran e matriarca da família, que mesmo aos 91 anos continua participando das decisões.

"Minha avó está em tudo. Dá opinião, manda mensagens, cuida para que a gente siga com os mesmos valores. Inclusive, foi dela a bronca para que eu e meu pai colocássemos o paletó para a foto oficial", brinca Pedro, sorrindo.

O gás agora é mais que botijão - A Copa Energia, que reúne as marcas Copagaz e Liquigás, fatura hoje mais de R$ 11 bilhões por ano. E se antes o foco era o botijão tradicional, agora a empresa quer ir além.

Pedro assume com a missão de ampliar o papel da companhia no mercado de energia limpa. A empresa está investindo em biometano (gás feito de lixo ou dejetos de animais) e GLR (gás liquefeito renovável). A ideia é aproveitar a mudança na matriz energética do país e oferecer soluções mais sustentáveis, especialmente para indústrias e regiões onde ainda se usa carvão ou diesel.

"Tem muita coisa nova chegando. O Brasil tem condições de produzir gás limpo em várias regiões. É mais barato, mais limpo e mais moderno", explica Pedro.

A Copa já tem parcerias com universidades do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio, e comprou uma empresa de transporte de gás para ajudar nessa nova etapa.

Uma troca sem conflito - Antes de assumir, Pedro trabalhou por 10 anos fora do grupo familiar. Passou por grandes escritórios de advocacia e fez MBA nos Estados Unidos. Também teve uma experiência no setor cultural, com a produtora de cinema de Rodrigo Teixeira.

Esse caminho foi incentivado pela família. "A gente sempre soube que ele teria um papel importante aqui, mas queríamos que ele tivesse experiências próprias, fora da bolha", diz Caio.

Ao contrário de muitas histórias em empresas familiares, a passagem de bastão não teve brigas. "Foi natural. Meu pai é uma pessoa muito fácil de trabalhar. Ele é respeitado dentro e fora da empresa. Eu aprendi muito com ele e com o exemplo do meu avô."

Hoje, o Grupo Zahran tem mais de 4 mil funcionários, 24 terminais de gás, 25 depósitos e está presente em praticamente todo o Brasil. A média anual de investimentos é de R$ 315 milhões.

Mesmo com a mudança de comando, o grupo continua com o mesmo espírito: gestão cuidadosa, visão de longo prazo e raízes bem fincadas em Campo Grande.

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