O governo do Ceará anunciou a construção de uma estação de tratamento de água que usará água de reuso do esgoto para abastecer data centers que se instalarem no Porto do Pecém, região metropolitana de Fortaleza. A medida pretende mitigar o impacto hídrico desses empreendimentos em um estado com histórico de secas severas.
“Já estamos em plena execução, em parceria com o setor privado, de construção de uma estação de tratamento que vamos oferecer para a indústria que está no Porto do Pecém. Utilizaremos água de reuso do esgoto”, declarou o governador Elmano de Freitas.
Data centers demandam grandes volumes de água para resfriamento de equipamentos. Para minimizar esse uso, o governo afirma que as instalações previstas adotam sistemas fechados que dispensam reabastecimento contínuo. Segundo Freitas, “o consumo de água não é grande” nos projetos negociados para o Ceará.
Além disso, o estado reforça que o Brasil já atrai esses empreendimentos porque sua matriz elétrica é predominantemente renovável.
Em 2024, os 189 data centers ativos no país consumiram cerca de 1,7% da energia elétrica nacional, o equivalente a 11,3 TWh — demanda proporcional ao consumo combinado de Fortaleza e Salvador. O dado é da Brasscom.
No Ceará, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já aprovou dois projetos de data centers no Porto do Pecém. O segundo ainda depende da expansão da rede de transmissão para ser viabilizado. O ONS classifica que essas duas unidades representarão carga significativa para o sistema elétrico regional.
Para fomentar ainda mais o setor, o presidente Lula assinou, em 17 de setembro, medida provisória que institui o Redata (Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center). A iniciativa zera os impostos IPI, PIS e Cofins na compra de equipamentos para esse segmento, representando renúncia fiscal estimada em R$7,5 bilhões ao longo de três anos.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin, destacou que a medida apoia a soberania digital, eleva a produtividade e fortalece o desenvolvimento de inteligência artificial. Sobre o Ceará, ele afirmou: “O estado tem tudo: cabos, energia abundante e renovável — está pronto para receber o novo polo tecnológico.”
A Brasscom prevê que, até 2029, com a instalação de novos data centers, o consumo de energia elétrica do setor pode mais que dobrar, alcançando 3,6% da produção nacional de energia.
Com iniciativas como a estação de reuso no Pecém e incentivos fiscais federais, o Ceará busca posicionar-se como polo estratégico para tecnologia e infraestrutura digital no Brasil.
